SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo de Israel anunciou medidas contra familiares das pessoas envolvidas em dois ataques em Jerusalém, um dos quais deixou sete pessoas mortas em uma sinagoga. Em decisão controversa, o governo de Binyamin Netanyahu informou que avalia a possibilidade de privá-los da Previdência Social e de que sejam confiscados seus documentos de identidades.
Forças de segurança isolaram neste domingo (29) uma casa que pertence aos familiares de Alkam Khairi, 21, atirador que foi morto após cometer o atentado na sinagoga. Os moradores tiveram de sair do local às pressas. Segundo o governo, a residência será demolida.
É a primeira ação de represália tomada por Netanyahu, que lidera a coalizão mais à direita que o país já viu, contra o que chamou de "parentes de terroristas". Neste sábado, o premiê prometeu resposta "forte, rápida e precisa" aos ataques cometidos nos últimos dias por palestinos em Jerusalém Oriental.
A mãe do atirador permanece detida em uma delegacia. No total, 42 pessoas suspeitas de envolvimento no ataque foram levadas para serem interrogadas, segundo a polícia israelense.
O ataque na sinagoga aconteceu na sexta (27), logo após os fiéis assistirem a um serviço religioso pelo Dia Internacional de Lembrança do Holocausto. Sete pessoas foram mortas e três ficaram feridas após o homem disparar de forma indiscriminada. Ele foi morto depois de uma breve perseguição policial.
O governo de Israel também avalia retaliar a família de um menino de palestino de 13 anos que atirou em duas pessoas neste sábado (28) na Cidade Velha de Jerusalém. O jovem foi detido, e as vitimas, que são pai e filho, continuam hospitalizadas. Uma casa que pertence aos parentes do jovem foi isolada, mas ainda não se sabe se a residência será demolida.
A demolição de propriedades que pertencem aos parentes de palestinos que mataram israelenses não é uma prática nova em Israel. O governo israelense alega que a medida tem efeito dissuasório, mas críticos contestam o argumento afirmando que se trata de uma punição coletiva desnecessária.
O diretor jurídico da ONG israelense de direitos humanos HaMoked, Dani Shenhar, afirmou que as demolições não respeitam o Estado de Direito e demonstram apenas a vontade de vingança do governo israelense.
Três dos mortos no ataque de sexta na sinagoga foram sepultados na noite de sábado (28). Trata-se de Asher Natan, um adolescente de 14 anos, e do casal Eli e Natalie Mizrahi, que tentou socorrer as primeiras vítimas do atentado.
O governo israelense ativou o nível de alerta nacional mais alto e reforçou a presença de agentes de segurança em Israel e na Cisjordânia após a sequência de ataques. O comissário de polícia Kobi Shabtai disse que uma equipe da unidade de contraterrorismo de elite Yamam foi enviada a Jerusalém.
Os ataques foram cometidos em um momento de crescente tensão em Israel. A morte de ao menos dez palestinos na última quinta-feira (26) em ações do Exército de Israel, liderado pela coalizão política mais à direita que o país já viu, exacerbou a crise com a Palestina.
Horas após a ação, na madrugada de sexta, o país reportou o lançamento de foguetes da Faixa de Gaza e respondeu com uma série de ataques aéreos. O grupo Jihad Islâmica disse que a ofensiva levou a mensagem de que "o inimigo deve permanecer alerta, porque sangue palestino derramado custa caro".
Na manhã de domingo, guardas israelenses mataram outro palestino perto de um assentamento na Cisjordânia ocupada, segundo o Ministério da Saúde palestino. O Exército israelense informou que o homem estava armado --a informação não pôde ser verificado de maneira independente.
Uma casa e um veículo palestinos foram incendiados no vilarejo de Turmus Ayya, na Cisjordânia, em ataque atribuído pelos moradores locais aos colonos israelense como vingança aos episódios recentes. Segundo a agência oficial palestina Wafa, israelenses também atiraram pedras contra 120 veículos e houve ataques contra 22 lojas em Nablus, no norte da Cisjordânia ocupada.
Os episódios de violência foram registrados horas após o ministro de Segurança Nacional israelense, o extremista Itamar Ben-Gvir, afirmar buscaria aumentar o número de licenças de armas no país. "Quero armas nas ruas. Quero que os cidadãos possam se proteger."
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, chegou neste domingo (29) ao Egito, primeira escala da viagem que terá como destino final o Oriente Médio. O americano deve visitar nos próximos dias Israel e Cisjordânia com o objetivo de "reduzir as tensões" na região.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, por sua vez, pediu "máxima responsabilidade" a israelenses e palestinos. Já o papa Francisco criticou o aumento da violência e recomendou às duas partes do conflito na Cisjordânia que iniciem uma "busca sincera da paz".
Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!