TOULOUSE, FRANÇA (FOLHAPRESS) - A segunda chamada de protestos contra a reforma da Previdência do presidente da França, Emanuel Macron, lotou as ruas das principais cidades francesas. Os atos reúnem estudantes, trabalhadores, sindicalistas e feministas nesta terça-feira (31), depois de pesquisas apontarem que pelo menos 61% da população rejeita a proposta do governo.

Anunciada no último dia 10 pela primeira-ministra Elisabeth Borne, a reestruturação quer aumentar a idade mínima para a aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e prolongar os anos de contribuição de 42 para 43 anos já em 2027 como condição de acesso à pensão integral.

A junta intersindical, que reúne pela primeira vez em 12 anos as oito maiores centrais de sindicatos da França, afirmou ter reunido 500 mil pessoas em Paris --100 mil pessoas a mais do que na primeira greve geral de sua campanha contra a reforma, ocorrida no último dia 19.

O grupo diz ter mapeado protestos em 250 cidades do país, num aumento de 25% em comparação ao primeiro capítulo da campanha. Cidades como Marseille, Lyon, Toulouse e Nantes também foram palco de manifestações maiores, segundo os sindicatos.

A escalada na mobilização parece corresponder à subida de tom do governo. Borne declarou no domingo (29) à Franceinfo que a nova idade mínima para aposentadorias "não é mais negociável".

O ministro do Interior Gérald Darmanin acusou a Nupes (Nova União Popular Ecológica e Social), coalizão de partidos de esquerda, de "transformar o país em um bordel". Ele também denunciou o que chamou de "profundo desprezo pelo valor do trabalho" de uma parte da esquerda francesa.

Isso porque, na segunda-feira (30), a Assembleia Nacional deu início aos debates sobre a reforma. Foi o primeiro passo para examinar cerca de 5.000 emendas ao projeto admitidas entre as mais de 7.000 apresentadas pela Nupes.

A engenheira Marie Odile Marche, 53, é uma das manifestantes que aderiu ao movimento neste segundo ato. "Eu vi uma pesquisa da Oxfam que aponta que a cobrança de 2% a mais de impostos sobre aqueles com a maiores salários geraria recursos suficientes para sustentar a Previdência como ela é hoje", afirma. "E eu estou disposta a pagar mais impostos para termos um país mais igualitário."

O estudante Isha Nazir, 18, também estreou seus cabelos pintados de verde em protestos sobre aposentadoria nesta terça. "Não acho que esse sistema seja saudável para ninguém. E se já fica ruim para quem trabalha hoje, imagina como será quando eu for me aposentar?", pondera. "Não sei se o movimento vai triunfar, mas tenho a impressão de que estamos num ponto de virada. Tem muita gente nas ruas."

O sindicato dos professores da França anunciou que houve paralisação de 50% dos docentes, mas, de acordo com o Ministério da Educação, o percentual não passou de 26%. Durante a manhã, em Paris, piquetes geraram empurrões entre manifestantes e professores na porta de escolas, e a polícia interveio.

Na rede de trens, houve atrasos por conta da adesão de trabalhadores à greve, que teve forte participação dos setores de energia e petróleo.


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