SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos formou maioria nesta quinta-feira (2) para expulsar a Ilhan Omar, deputada do Partido Democrata, do Comitê de Relações Exteriores devido a comentários que ela fez e que foram considerados antissemitas.

"É tudo sobre os Benjamins, baby", escreveu a deputada no Twitter em 2019, sugerindo que o apoio de políticos americanos a Israel era motivado por dinheiro -a figura de Benjamin Franklin estampa a nota de US$ 100 nos EUA.

À época, o comentário foi condenado por ambos os partidos, Omar apagou a publicação e fez um pedido público de desculpas. Ela alegou que não sabia que sua fala pudesse estar relacionada a estereótipos antissemitas que tratam judeus como pessoas gananciosas. O caso se juntou a outra fala em que, antes de ser eleita, a deputada disse que Israel tinha "hipnotizado o mundo" e pediu que as pessoas abrissem os olhos para as "más ações do país".

A votação desta quinta foi apertada, mas prevaleceu a maioria republicana, com 218 votos a favor da expulsão e 211 contra. O Partido Republicano conseguiu maioria na Casa após eleger 218 deputados nas eleições de meio de mandato, em novembro.

A decisão, com o novo presidente da Câmara, Kevin McCarthy, à frente, foi vista como um tipo de vingança contra a expulsão dos republicanos Marjorie Taylor Greene e Paul Gosar, em 2021. Naquele ano, Greene comparou as exigências do uso de máscara e da vacina contra a Covid ao Holocausto, que matou 6 milhões de judeus -declaração pela qual também se desculpou. Já Gosar postou uma animação nas redes sociais em que ele aparecia matando uma deputada, a democrata Alexandria Ocasio-Cortez.

Expulsar congressistas democratas de comitês foi uma promessa de McCarthy em sua campanha para presidir a Câmara. Para o líder republicano, seus adversários abriram um precedente ao expulsar parlamentares quando tinham maioria na Casa.

Como presidente, McCarthy deu atribuições em comitês a Greene e Gosar, assim como a George Santos, deputado recém-eleito que admitiu ter forjado grande parte de seu currículo. Com a divulgação dos escândalos, o filho de brasileiros anunciou que vai se afastar temporariamente dessas atribuições.

Omar é uma ex-refugiada da Somália e uma das duas mulheres muçulmanas do Congresso americano, além de ser a única nascida em um país africano. Ela estava na fila para ser a principal democrata no subcomitê da África da comissão da qual foi expulsa. Ao lado de Ocasio-Cortez, Ayanna Pressley e Rashida Tlaib, forma o grupo de mulheres progressistas da política americana conhecido como "Squad".

Ocasio-Cortez a defendeu na votação desta quinta. "Um dos legados repugnantes do 11 de Setembro foi a perseguição e o racismo contra muçulmanos nos EUA", afirmou. "Isso é sobre atingir mulheres negras. Eu não recebi um único pedido de desculpas quando a minha vida foi ameaçada."

Momentos antes de ser expulsa, Omar disse que sua liderança não seria abalada caso saísse do Comitê. "Minha voz ficará mais alta e mais forte", afirmou.

O líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, também defendeu a aliada. "Houve responsabilização. Ilhan Omar se desculpou. Ela indicou que aprenderá com seus erros e que está construindo pontes com a comunidade judaica. [A votação] Não foi sobre responsabilização, foi sobre vingança política."

Republicanos, por sua vez, reafirmaram a posição decidida em votação. Durante o debate, Mike Lawler afirmou que as palavras e a retórica são importantes. "Isso causa danos. A congressista está sendo responsabilizada por suas palavras e ações".


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