BELO HORIZONTE, SP (FOLHAPRESS) - A França registrou nesta terça-feira (7) mais um dia de greve nacional contra a reforma previdenciária anunciada pelo presidente Emmanuel Macron e pela primeira-ministra Elisabeth Borne no início de janeiro.

Sindicatos afirmam que a paralisação, sexta mobilização desde que o projeto foi apresentado e a maior até o momento -com mais de 1,2 milhão de pessoas nas ruas, segundo dados do Ministério do Interior- também se estenderá pela quarta-feira (8). Nesta terça, escolas foram fechadas, e os serviços ferroviários e de fornecimento de combustíveis foram interrompidos.

"A verdadeira luta começa agora", disse à agência de notícias Reuters Marin Guillotin, representante do sindicato Force Ouvrière, na refinaria de Donges, no oeste da França. "Não fomos ouvidos nem escutados. Estamos usando os únicos meios que nos restam, a greve dura. Não vamos desistir."

Os protestos pressionam o governo contra as medidas de reforma do sistema previdenciário. O projeto da dupla Macron-Borne pretende aumentar tanto a idade de aposentadoria, de 62 para 64 anos, quanto o tempo de contribuição, de 42 para 43 anos, como condição para o acesso a uma pensão integral.

Este é um momento crítico para governo e manifestantes, já que Macron espera que a reforma seja aprovada pelo Parlamento até o fim de março. Enquanto isso, sindicatos mais radicais afirmam que desta vez haverá greves contínuas e mais longas, pelo menos em alguns setores.

Segundo as empresas de transporte, os trens do país europeu e o sistema de metrô da capital francesa continuarão em paralisação nesta quarta, embora escala um pouco menor. Caminhoneiros e coletores de lixo também aderiram à greve.

A estimativa de público recorde foi divulgada pelo Ministério do Interior, segundo o qual os atos desta terça superaram em 10 mil pessoas o que até agora era a maior das manifestações contra a reforma da Previdência, em 31 de janeiro. Só em Paris, segundo sindicalistas, havia 700 mil pessoas nas ruas.

Pesquisas de opinião mostram que a reforma é extremamente impopular entre os franceses. Para os movimentos, o desafio dos próximos dias é manter a unidade entre os sindicatos puxam as mobilizações.

A CFDT (Confederação Democrática Francesa do Trabalho), hoje o maior sindicato da França, não se comprometeu com as greves contínuas e avalia outras formas de protestos. Entretanto, a CGT (Confederação Geral do Trabalho) e o Force Ouvrière, relevantes nos setores de transporte e energia, podem encabeçar movimentos significativos mesmo sem a participação da CFDT.

O governo francês, que espera um racha dos sindicatos e o consequente enfraquecimento do movimento, afirma que a reforma é essencial para garantir que o sistema previdenciário não quebre. No fim de janeiro, o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, afirmou que a mudança geraria uma economia de EUR 18 bilhões aos cofres do país até 2030.

"Entendo que muitas pessoas não querem trabalhar mais dois anos, mas é necessário garantir a viabilidade do sistema", disse a primeira-ministra Elisabeth Borne ao canal France 5 TV, depois de qualificar a nova estratégia sindical de "irresponsável".

Embora Macron não tenha maioria absoluta para aprovar a reforma no Parlamento, o presidente pode contar com o apoio de pelo menos parte do partido conservador Republicanos.

A oposição ainda tenta dificultar a votação, sugerindo milhares de emendas para dificultar o debate. A estratégia visa forçar o governo a aprovar o projeto de lei por decreto, sem votação parlamentar, o que acarretaria numa grave perda de capital político para Macron.

Os sindicatos devem se reunir na noite desta terça para definir os próximos passos. Espera-se que um novo dia de protestos seja marcado para sábado (11), após os atos do Dia Internacional da Mulher, nesta quarta, e de uma manifestação convocada por estudantes para a quinta-feira.


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