BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - A Justiça da Grécia abriu, nesta quinta-feira (9), um processo criminal contra três funcionários do sistema ferroviário pela colisão entre dois trens, no dia 28 de fevereiro, que matou 57 pessoas.

Os indiciados são um inspetor ferroviário e dois funcionários da estação de Larissa, próxima ao local do acidente, e responderão por "homicídio culposo por negligência", "lesões corporais" e "perturbação da segurança no transporte". Eles foram acusados de deixar seus postos de trabalho antes do previsto na noite da tragédia.

Segundo a imprensa grega, o chefe da estação, Vassilis Samaras, teria ficado sozinho no local, apesar de ter pouca experiência. Samaras, indiciado sob as mesmas acusações na semana passada, está em prisão provisória. Os quatro acusados podem receber penas que variam de dez anos a prisão perpétua.

A tragédia é agravada pelas circunstâncias em que ocorreu. Os dois trens, um de passageiros e outro de carga, percorreram o mesmo trilho por quilômetros, sem que ninguém percebesse, e colidiram frontalmente a cerca de 350 km ao norte de Atenas. Muitas das vítimas eram jovens e estudantes universitários, e 14 ainda estão hospitalizadas.

A população grega, indignada com a tragédia, aponta que a negligência das autoridades e o subinvestimento nas malhas ferroviárias levaram ao acidente. Mais de 65 mil pessoas foram às ruas para protestar na quarta-feira (8). A data também foi marcada por greve nos principais serviços públicos e por confrontos entre polícia e manifestantes, principalmente na capital, Atenas.

O primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis, que inicialmente descreveu o acidente como um "trágico erro humano", pediu desculpas ao país e prometeu um investimento de mais de EUR 270 milhões para corrigir as deficiências de longa data da malha ferroviária.

"Quero reiterar um pedido público de desculpas em nome daqueles que governaram o país ao longo dos anos, e principalmente em meu próprio nome", disse Mitsotakis durante uma reunião de gabinete. "Eu assumo a responsabilidade."

No início da semana, o governo anunciou a paralisação do serviço ferroviário enquanto analisa a segurança das linhas, e solicitou ajuda à União Europeia, que deve enviar uma comissão de especialistas.

Na reunião desta quinta, Mitsotakis afirmou que vai contratar mais pessoal e melhorar a segurança das linhas com a instalação de sistemas de controle digital até o final de agosto. Disse entender a raiva e a tristeza da população, mas pediu que os manifestantes não permitam que os sentimentos "se tornem uma faísca que cause divisões".

Os ferroviários, em greve desde 2 de março, estenderam a paralisação até sexta-feira. Nesta quinta, enquanto centenas de estudantes protestavam pelas ruas de Atenas, familiares e amigos das vítimas participaram de uma cerimônia religiosa ortodoxa no local do acidente.


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