SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Coreia do Norte disparou mais dois mísseis balísticos de curto alcance nesta terça-feira (13), ao mesmo tempo em que a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizam seus maiores exercícios militares conjuntos desde 2017.

A ditadura comunista já havia lançado artefatos do tipo de um submarino no domingo (11) ?na semana anterior, Kim Jong-un ordenou a seus militares que intensificassem treinamentos para responder a uma "guerra de verdade" caso necessário.

Os lançamentos desta terça foram detectados pelo Exército de Seul. De acordo com o órgão, os foguetes foram disparados da província norte-coreana de Hwanghae do Sul em direção ao mar do Japão entre 7h41 e 7h51 ?19h41 e 19h51 de segunda-feira (12), no horário de Brasília? e percorreram 620 quilômetros antes de caírem no oceano.

O Japão informou que os mísseis não caíram nos limites de seu território. Já os EUA e a Coreia do Sul garantiram que o teste não afeta a realização de seus exercícios conjuntos, iniciados na segunda. Na data, o assessor de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, afirmou que seu país não permitiria que "quaisquer passos da Coreia do Norte detenham ou constranjam ações que sentimos serem necessárias para salvaguardar a estabilidade na península coreana".

Com duração de 11 dias e batizados de Escudo da Liberdade, os treinamentos entre os dois aliados são os maiores em cinco anos. A dimensão é uma resposta às ameaças crescentes da Coreia do Norte, que no ano passado executou um número recorde de testes de arnas ?foram 90 mísseis balísticos e de cruzeiro lançados ao longo do ano, 23 deles em um único dia.

O regime de Kim Jong-un afirma que os exercícios militares entre seus inimigos nada mais são do que um ensaio para uma eventual invasão de seu território. No domingo, a mídia estatal norte-coreana, KCNA, afirmou que o país havia decidido tomar medidas práticas importantes de diasuassão militar e que as provocações dos EUA e da Coreia do Sul estavam "chegando a uma linha vermelha".

Trata-se de um ciclo vicioso, já que o governo americano e seus parceiros regionais também alegam agir devido às decisões tomadas pela ditadura ao norte.

Analistas militares consultados pela AFP afirmaram que a expectativa é que a ditadura comunista faça ainda mais testes de mísseis nos próximos dias ?incluindo um possível ensaio nuclear, de acordo com Chun In Bum, general reformado do Exército sul-coreano.

Leif Easley, professor da Universidade Ewha, em Seul, ressaltou que os disparos também cumprem um papel a nível doméstico. "O regime de Kim não quer parecer fraco diante de dificuldades econômicas internas", afirmou o pesquisador. Suspeita-se que a Coreia do Norte esteja vivendo sua mais grave escassez de alimentos em décadas, com dificuldades de abastecimento de arroz e de milho.

Os Estados Unidos marcaram uma reunião informal com demais membros do Conselho de Segurança da ONU para discutir abusos de direitos humanos pela ditadura no fim desta semana. O ministro das Relações Exteriores norte-coreano denunciou o encontro como a "expressão mais clara da política hostil" de Washington contra Pyongyang.


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