BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O governo do Reino Unido e os sindicatos de saúde do país chegaram nesta quinta (16) a um acordo com potencial para encerrar as greves no NHS --o sistema de saúde público britânico--, que já duram meses.
A proposta do premiê Rishi Sunak estabelece, entre outras coisas, que enfermeiros receberão aumento salarial de 5% no próximo ano.
Embora a maioria dos sindicatos da área recomende que se aceite a proposta, descrita como justa e razoável, as greves só serão encerradas após um período de consulta entre todos os membros.
O acordo cobriria cerca de um milhão de enfermeiros, paramédicos, obstetras e demais trabalhadores da saúde por dois anos até abril de 2024. Médicos juniores, que estão em uma disputa separada, não se enquadram na proposta.
"Esta oferta é boa para a equipe do NHS, é boa para o contribuinte e, o mais importante, é uma boa notícia para os pacientes cujos cuidados não serão mais interrompidos pela ação de greve", afirmou Sunak.
A crise que pressiona o premiê representa a pior onda de paralisações trabalhistas desde a década de 1980 no Reino Unido. Principalmente entre junho e agosto do último ano e desde o início de dezembro, trabalhadores de diversas categorias do serviço público cruzaram os braços reivindicando reajustes salariais acima do teto da inflação.
O serviço de saúde britânico tem sido particularmente afetado pelas greves, especialmente por conta de uma crise de pessoal e pelas consequências da pandemia de Covid-19. Em fevereiro, dezenas de milhares de enfermeiros e paramédicos realizaram a maior greve nos 75 anos de história do NHS. Membros das Forças Armadas chegaram a ser capacitados para, por exemplo, conduzir ambulâncias, numa tentativa de mitigar as consequências da interrupção dos serviços.
Mesmo que o novo acordo não contemple todas as demandas da categoria, três dos principais sindicatos da área -Unison, GMB e o Royal College of Nursing (RCN)- entenderam que ele representa o progresso. Os sindicatos geralmente procuraram aumentos mais alinhados com a inflação, que hoje está perto de 10%.
A Unite, por sua vez, disse que interromperia as greves durante a consulta entre os membros, mas não conseguiu recomendar a oferta. O sindicato não deu um motivo específico para a decisão.
Ainda não se sabe quanto o acordo vai custar aos cofres britânicos -tanto Sunak quanto o ministro da Saúde, Steve Barclay, se recusaram a detalhar valores. O sindicato GMB disse que a oferta colocava cerca de 2,5 bilhões de libras extras (R$ 15,8 bi) à disposição. Detalhes do financiamento para a oferta permanecem nebulosos.
"Não está claro se o Tesouro acabará por fornecer o financiamento necessário para cobrir o custo desse acordo", disse à agência de notícias Reuters o economista sênior Ben Zaranko, do Instituto de Estudos Fiscais britânico. "Se isso acontecesse, seria uma alteração significativa para os planos de contenção de gastos".
A crise na economia britânica reflete tanto a instabilidade política do governo, que teve uma sequência de três primeiros-ministros em menos de quatro meses, quanto as consequências da crise energética, da Guerra na Ucrânia e do brexit. A inflação chegou a 11,1% em outubro passado, maior taxa em 41 anos.
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