SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A oposição à polêmica reforma judicial em tramitação no Parlamento de Israel chegou a um novo ápice nesta segunda-feira (27), quando trabalhadores dos mais diversos campos paralisaram suas atividades em protesto contra o plano, que, segundo analistas, ameaça a independência do Judiciário no país.

A lista inclui o maior sindicato do país, que reúne cerca de 800 mil trabalhadores nas áreas de saúde, transporte e bancos, entre outros, e de funcionários do aeroporto de Tel Aviv, que interromperam o fluxo de saída dos aviões, afetando milhares de pessoas.

Também estão aderindo à greve geral governos locais, que administram jardins de infância e outros serviços essenciais, e algumas das maiores associações de medicina. Enquanto isso, o Knesset, o Parlamento israelense, foi cercado por manifestantes nesta segunda, em uma tentativa de pressionar o governo.

O movimento se dá horas depois de multidões irem às ruas por todo o território para protestar contra a decisão do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, de demitir seu chefe da Defesa, Yoav Gallant, na véspera.

Membro do mesmo partido que o premiê, o Likud, ele havia feito um aguardado pronunciamento no fim de semana pedindo que a tramitação do projeto capitaneado pela coalizão mais à direita a reger Israel fosse interrompida para que houvesse diálogo com setores contrários ao conteúdo.

Sua justificativa era de que havia risco à segurança nacional caso o plano avançasse no Parlamento -em carta aberta, centenas de reservistas do Exército afirmaram que pretendem cruzar os braços caso o projeto seja aprovado no Legislativo.

O pacote de leis apresentado pelo governo se baseia em basicamente dois pilares: modificar a forma como a nomeação de juízes e assessores jurídicos se dá no país, de modo que a coalizão governista tenha prevalência sobre as indicações, e frear a interferência da Suprema Corte sobre as legislações aprovadas no Parlamento.

Especialistas apontam que as mudanças podem comprometer seriamente o equilíbrio dos Três Poderes e, em última instância, pôr em risco o Estado de Direito no país. Já a coalizão governista argumenta que ela é necessária para tirar a Justiça das mãos de "magistrados elitistas e tendenciosos".


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