BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) - O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou nesta quarta-feira (29) um financiamento de US$ 690 milhões (R$ 3,5 bilhões) para fortalecer democracias em todo o mundo. A declaração ocorreu em meio aos eventos programados da segunda Cúpula da Democracia, prevista para se encerrar nesta sexta-feira (30).
O valor ultrapassa os cerca de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) anunciados com um propósito semelhante em 2021, durante a primeira edição do evento. Segundo o líder americano, o montante servirá para ajudar a combater a corrupção, apoiar eleições livres e justas e desenvolver tecnologias avançadas a fim de apoiar governos democráticos.
Críticos, no entanto, veem o movimento com precaução. Eles evidenciam que, quando classificam o mundo entre democracias e autocracias, os EUA pressupõem um alinhamento entre as agendas dos integrantes da cúpula e as próprias pretensões americanas.
A segunda edição ocorreu prioritariamente de forma virtual, tendo Costa Rica, Holanda, Coreia do Sul e Zâmbia como anfitriões. A cúpula estava esvaziada em relação ao primeiro encontro, e ausências importantes foram notadas. Líderes do Chile, Argentina, Espanha, Portugal e Brasil não compareceram. Convidado, o presidente Luís Inácio Lula da Silva estaria em visita oficial à China durante o encontro, viagem adiada por problemas de saúde.
"Estamos virando a maré aqui", afirmou o presidente dos EUA nesta quarta. "Como costumamos dizer, estamos em um ponto de inflexão na história, quando as decisões que tomamos hoje afetarão o curso de nosso mundo nas próximas décadas, com certeza."
Para analistas, há pouca evidência de que os países participantes da cúpula tenham feito progressos na melhoria de suas democracias. Eles também afirmam que não há nenhum mecanismo formal que garanta o cumprimento dos compromissos estabelecidos na primeira reunião. Pontuações que medem o nível de democracia entre os 110 países que estiveram presentes em 2021 atestam essas críticas: 77 países permaneceram com a mesma média, enquanto 17 caíram e apenas 16 melhoraram.
Os números ecoam o monitoramento feito pela Freedom House, organização sem fins lucrativos sediada em Washington com foco nos direitos políticos e nas liberdades civis. Segundo a vice-diretora do grupo de monitoramento para política e defesa da entidade, Katie LaRoque, as pontuações de 35 países caíram no ranking de 2022, ao passo que as de 34 aumentaram.
Biden convidou 121 líderes mundiais para a edição deste ano, incluindo os primeiros-ministros de Israel e da Índia. Acusações de autoritarismo são frequentemente dirigidas aos dois países, especialmente considerando os protestos massivos que aconteceram em Israel contra uma impopular reforma judicial proposta pelo governo de coalizão da nação.
Durante o evento, o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, expressou confiança de que um compromisso político poderia ser alcançado nas reformas judiciais. Segundo ele, as medidas poderiam ser conciliadas com as liberdades civis, argumento contestado pela oposição.
Volodimir Zelenski, presidente da Ucrânia, também participou do evento, onde pediu por mais armas para ajudar a derrotar a Rússia na guerra que assola o país. "Os inimigos da democracia devem perder", disse.
Em paralelo aos eventos da cúpula, o presidente Joe Biden se encontrou nesta quarta com o líder argentino Alberto Fernández, a fim de "reiterar a força da aliança" entre os países americanos. O encontro, no salão oval da Casa Branca, pretende alinhar relações comerciais, questões relacionadas à democracia e proteção dos direitos humanos.
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