SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, está em uma visita à Polônia nesta quarta-feira (5), em uma viagem para agradecer o aliado de primeira hora na guerra contra a Rússia enquanto especula-se sobre a preparação uma grande contraofensiva do país invadido.
Ao lado de sua mulher, Olena Zelenska, Zelenski recebeu a mais alta distinção polonesa, a Ordem da Águia Branca, e foi recebido com honras militares e elogios do presidente do país, Andrzej Duda, na capital, Varsóvia. Zelenski planejava agradecer o apoio dos vizinhos, os primeiros a fornecerem caças para a Ucrânia no conflito.
"Vocês não abandonaram a Ucrânia, ficaram conosco ombro a ombro, por isso somos gratos a vocês. Acreditamos que esta é uma relação histórica", afirmou Zelenski em uma entrevista coletiva com Duda. O presidente ucraniano ouviu do aliado que era um "homem único", e que a sua atitude, junto com a bravura da nação, "salvou a Ucrânia".
Apesar da sintonia dos dois líderes, essa é a primeira visita de Zelenski à Polônia desde o início do conflito, e uma das poucas anunciadas com antecedência. Ele ainda deve assinar acordos bilaterais e visitar empresários que possam ajudar na reconstrução do país e refugiados ucranianos --a Polônia recebeu mais de um milhão de pessoas que fugiram da guerra.
A ajuda prestada pela Polônia, porém, já causa conflitos internos. Nesta quarta-feira (5) o ministro da Agricultura polonês renunciou em meio ao crescente descontentamento entre os agricultores do país a respeito do impacto das importações de grãos ucranianos a preços domésticos. Henryk Kowalczyk disse que resolveu sair após a Comissão Europeia decidir estender a isenção de impostos nos grãos ucranianos até junho de 2024.
"Não será surpresa para ninguém que o lado ucraniano peça mais apoio à Polônia e a outros parceiros estrangeiros. Mas devemos estar cientes de que nós já fizemos muito", afirmou o assessor presidencial polonês Marcin Przydacz. Anteriormente, ele anunciou que um primeiro carregamento de caças MiG já havia sido entregue à Ucrânia.
"Os MiGs da Polônia fortalecerão significativamente nossa defesa, permitirão tornar nossos céus mais seguros, salvar a vida de nossos cidadãos e também reduzir a destruição causada por ataques russos", escreveu o ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, no Telegram.
O Ocidente intensificou a ajuda à Ucrânia, que, especula-se, prepara uma contraofensiva no leste contra as forças russas enquanto Putin avança no país para tomar a cidade oriental de Bakhmut.
Na última terça-feira (4), os Estados Unidos prometeram mais US$ 2,6 bilhões (R$ 13,2 bilhões) em assistência militar a Zelenski, incluindo três radares de vigilância aérea, foguetes antitanque e caminhões de combustível. O novo anúncio leva a ajuda militar prometida pelos EUA a mais de US$ 35 bilhões (R$ 177,6 bilhões) --para a embaixada de Moscou em Washington, os EUA querem prolongar o conflito o máximo possível, segundo a agência de notícias russa Tass.
Já a Espanha disse que seis tanques Leopard 2A4 seriam enviados para o país na segunda quinzena de abril, mais tarde do que o planejado inicialmente, O país também treinou 40 tripulantes de tanques e 15 mecânicos em uma base militar na cidade de Zaragoza. Outros países da Otan, incluindo Alemanha, Polônia e Portugal, prometeram enviar 48 tanques Leopard 2.
Do lado da Rússia, o Kremlin disse que o ditador de Belarus, Aleksandr Lukachenko, terá dois dias de conversas com Putin, a partir desta quarta. A Belarus está entre os aliados mais fortes de Moscou --no mês passado, o presidente russo disse que colocaria armas nucleares táticas no país.
Enquanto isso, o presidente francês, Emmanuel Macron, visita a China depois de acordar com o presidente dos EUA, Joe Biden, a tentativa de incluir Pequim nos esforços para acabar com a guerra. O país asiático pede um cessar-fogo abrangente e descreve sua posição sobre o conflito como "imparcial".
Na Ucrânia, o foco do campo de batalha permaneceu em Bakhmut, uma cidade mineira que foi reduzida a ruínas após meses de bombardeios. A 50 km dali, pero da cidade de Niu-York, soldados ucranianos em abrigos lamacentos dizem repelir ataques russos diariamente. À agência de notícias Reuters, o comandante da unidade de infantaria da região disse que a estratégia é deixar a Rússia se aproximar para tentar atingir os alvos com mais precisão.
Mercenários do grupo Wagner, que liderou o ataque a Bakhmut, disseram no fim de semana que capturaram o centro da cidade, o que Kiev rejeita. O Instituto para o Estudo da Guerra, com sede nos EUA, afirma que os combatentes russos fizeram avanços em Bakhmut e provavelmente continuarão tentando consolidar o controle do centro da cidade e avançar para o oeste por meio de áreas urbanas densas.
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