SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os oito policiais envolvidos na morte de Jayland Walker, homem negro morto com 46 tiros, não serão indiciados criminalmente, anunciou o procurador-geral de Ohio, nos Estados Unidos, nesta segunda (17).
A decisão foi tomada por um grande júri formado por três homens e seis mulheres, entre os quais havia duas pessoas negras. O grupo não tem poder de condenar ou absolver alguém, mas analisa provas apresentadas por um promotor e determina se há evidência suficiente para seguir com o processo criminal.
O júri decidiu não prosseguir para o indiciamento, segundo o procurador Dave Yost, depois de ouvir que Walker teria atirado contra os policiais pelo menos uma vez antes de ser morto.
O caso ocorreu em junho de 2022 na cidade de Akron. Agentes de segurança tentaram prender Walker, que tinha 25 anos, devido a uma infração de trânsito. Após uma perseguição de carro que durou vários minutos, Walker saltou do veículo e tentou fugir a pé, quando foi atingido pelos múltiplos tiros, segundo imagens da abordagem que foram divulgadas à época.
De acordo com a versão da polícia, no entanto, Walker teria atirado contra os agentes enquanto ainda estava no carro. Pressionado a apresentar provas dessa afirmação, o departamento de polícia disse que encontrou uma arma dentro do veículo, além um invólucro de bala compatível com o armamento.
No momento da fuga a pé, Walker estava desarmado. Segundo o procurador, os policiais pensaram, equivocadamente, que Walker sacaria uma arma da cintura antes de levantar as mãos para os agentes e, por isso, dispararam dezenas de vezes. A autópsia constatou que havia 60 marcas de tiros no corpo de Walker e, posteriormente, confirmou que ele foi atingido 46 vezes.
"O grande júri concluiu que os policiais estavam legalmente amparados em seu uso da força", disse o procurador em entrevista coletiva. A lei de Ohio permite que policiais usem força letal para responder a uma ameaça mortal contra si ou contra outros. Os agentes alegam ainda que tentaram imobilizar Walker com armas de disparos elétricos antes de atirar com munição letal.
"Já vimos isso muitas vezes. Uma batida de trânsito de rotina termina em morte", disse Emilia Sykes, deputada que representa Ohio na Câmara. A democrata afirmou em comunicado que vai pedir formalmente ao Departamento de Justiça uma investigação sobre as práticas da polícia de Akron.
Os advogados da família Walker ridicularizam a decisão. "O que vimos acontecer no grande júri foi um erro jurídico. Jayland não teve chance", disse a advogada Paige White ao afirmar que a promotoria conduziu o caso de forma favorável aos policiais.
No ano passado, a morte de Walker desencadeou uma série de protestos. A decisão desta segunda gerou preocupação semelhante, de modo que o prefeito Dan Horrigan ordenou a montagem de barreiras no centro comercial da cidade e do lado de fora da prefeitura e do departamento de polícia.
As aulas nas escolas públicas de Akron também foram suspensas nesta terça-feira (18) para, nas palavras de Horrigan, "garantir a segurança de alunos e funcionários". O prefeito democrata determinou uma investigação no departamento de polícia sobre a morte de Walker. O resultado do inquérito ainda não tem data prevista para divulgação.
Todos os policiais envolvidos ainda trabalham no departamento local e serão mantidos em serviço administrativo até que sejam apuradas possíveis violações das políticas internas.
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