SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - China e Filipinas se acusam por um incidente que quase terminou em colisão entre dois navios de patrulha no disputado Mar da China, no último domingo (23).

Segundo a Marinha das Filipinas, dois navios de sua frota se dirigiam ao recife submerso Second Thomas Shoal para valer suas reivindicações territoriais quando a guarda costeira chinesa se aproximou com "táticas agressivas". Uma das duas embarcações da China, sustenta a Marinha, realizou "manobras perigosas" a cerca de 45 metros do navio filipino.

Segundo o comandante, sua resposta rápida evitou um acidente. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores filipino, Teresita Daza, disse que a China interferiu em uma patrulha de rotina e deveria "abster-se de ações que possam causar um incidente desagradável".

A guarda costeira filipina disse ainda que durante sua patrulha da semana passada na região, mais de 100 barcos chineses foram avistados.

A China respondeu nesta sexta-feira (28) aos apontamentos. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Mao Ning, o vizinho invadiu as águas chinesas e fez "movimentos provocativos deliberados". "Pedimos às Filipinas que respeitem a soberania territorial e os direitos marítimos da China", disse a pasta ao defender a resposta de suas embarcações, que teriam agido com "profissionalismo e moderação".

O fato de o navio filipino ter invadido as águas das ilhas Spratly, um arquipélago no Mar da China, com jornalistas a bordo, "foi uma ação premeditada e provocativa", acrescentou a porta-voz. "O objetivo era encontrar culpados e aproveitar a oportunidade para ampliar o incidente."

No Second Thomas Shoal há um contingente militar a bordo de um enferrujado navio americano da Segunda Guerra Mundial --intencionalmente aterrado em 1999 para reforçar as reivindicações territoriais das Filipinas. Em fevereiro, o país asiático disse que um navio chinês havia direcionado um laser militar a uma de suas embarcações.

O gigante asiático reivindica soberania sobre quase todo o Mar da China Meridional com uma linha que corta as zonas econômicas exclusivas do Vietnã, das Filipinas, da Malásia, de Brunei e da Indonésia. Uma decisão internacional de 2016 rejeitou essa demarcação.

O incidente do domingo ocorreu no mesmo final de semana em que o chanceler chinês, Qin Gang, visitou Manila, capital filipina, onde se encontrou com o presidente Ferdinand Marcos Jr. -filho do ditador que comandou o país por duas décadas a partir de 1965.

Marcos se irá à Casa Branca na próxima semana para se encontrar com o presidente americano, Joe Biden. Os dois países estão aumentando seus engajamentos de defesa e fazendo exercícios militares.

O início de exercícios militares conjuntos entre EUA e Filipinas em abril -os maiores da história dos dois países-- acrescentou ainda mais tensão à região. Com os treinamentos, os aliados tentam reforçar sua coordenação para neutralizar a influência chinesa na região, já que a proximidade das Filipinas com Taiwan pode tornar o país um aliado importante para o caso de a China invadir a ilha.

No início deste mês, o governo filipino anunciou a localização de quatro novas bases militares que serão usadas pelos EUA. Uma delas fica perto do Mar da China Meridional; a outra, não muito longe de Taiwan. A China criticou o acordo, dizendo que ele "põe a paz e a estabilidade regionais em risco".


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