SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As primeiras autópsias realizadas nesta segunda-feira (1º) em 10 das 109 vítimas encontradas em uma floresta onde uma seita se reunia, no sudeste do Quênia, revelaram que as mortes foram causadas por fome e asfixia, anunciou o diretor dos serviços nacionais de medicina legal, Johansen Oduor.

As vítimas, crianças em sua maioria, eram estimuladas a jejuar para "conhecer Jesus". Autoridades dizem que a quantidade de mortes ainda pode aumentar. Segundo a Cruz Vermelha do Quênia, mais de 300 pessoas estavam desaparecidas na que é considerada a maior tragédia relacionada a cultos da história recente.

Os legistas realizaram a autópsia de nove corpos de crianças, que tinham de 18 meses a 10 anos, e de uma mulher, no necrotério do hospital de Malindi, no sudeste do país africano.

"A maioria tinha características de fome. Vimos características de pessoas que não haviam se alimentado, não tinham comida no estômago e a camada de gordura era muito fina", disse Oduor à imprensa local, acrescentando que os resultados completos das autópsias podem levar meses. "Também há indícios de que [crianças] foram sufocadas. Essa pode ser uma das causas da asfixia".

As vítimas eram seguidoras da Igreja Internacional das Boas Novas, liderada pelo pastor Paul Mackenzie. Ele foi acusado de fazer uma lavagem cerebral e acabou preso no dia 14 de abril, quando autoridades receberam a denúncia de que ao menos 30 membros do grupo morreram e foram enterrados em covas rasas.

Mackenzie já havia sido preso e indiciado antes, em março, depois de ser denunciado pela morte de duas crianças por inanição, mas foi solto sob fiança. Outros 14 suspeitos de envolvimento no caso do jejum também foram detidos e aguardam investigação.

As vítimas viviam isoladas na floresta de Shakahola. Autoridades continuam vasculhando a região, próxima à cidade costeira de Malindi, que tem aproximadamente 300 hectares. Oito membros do culto que foram encontrados debilitados morreram dias depois. Até esta segunda, 44 pessoas foram resgatadas.

A descoberta provocou uma onda de indignação no país. O presidente queniano, William Ruto, prometeu medidas contundentes contra aqueles que "utilizam a religião para promover atos atrozes". Já o ministro do Interior disse que o massacre deve gerar "não apenas uma punição mais severa para os autores, mas também uma regulamentação mais rigorosa de cada igreja, mesquita, templo ou sinagoga".


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