SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Promotores federais dos EUA apresentaram acusações criminais contra George Santos, o deputado republicano filho de brasileiros pego em mentiras em série. As informações foram divulgadas inicialmente pela emissora americana CNN, que falou com três fontes anônimas sobre o assunto.
A expectativa é de que Santos compareça a um tribunal federal de Nova York nesta quarta-feira (10), onde as acusações foram apresentadas sob sigilo, de acordo com a emissora. Procurado pela agência de notícias Reuters, um porta-voz da Procuradoria dos EUA em Nova York se recusou a comentar.
A Associated Press fez uma breve entrevista por telefone com o político, que disse não saber das acusações. "Isso é novidade para mim", afirmou Santos, de acordo com a agência. "Você é o primeiro a me ligar sobre isso." Já o escritório de Santos não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A natureza exata das acusações contra Santos não está clara por enquanto, segundo a CNN, mas os promotores estariam examinando as supostas declarações falsas durante a campanha do republicano. À emissora, o presidente da Câmara, Kevin McCarthy, disse que vai analisar as acusações antes de decidir se Santos deve ser removido do Congresso.
O republicano enfrenta pressão de seus correligionários e eleitores, que já pediram sua renúncia. Em março, o Comitê de Ética da Câmara abriu uma investigação contra o congressista. A comissão vai investigar eventuais atividades ilegais em sua campanha, possíveis violações de leis federais na atuação dele em uma empresa e a denúncia de assédio feita por um assessor que trabalhou em seu gabinete.
Santos foi eleito deputado no último novembro por um distrito localizado em Long Island e abarcando parte do Queens, que também é o mais rico de Nova York e o quarto do país. Ali, eleitores têm uma renda média anual de US$ 179 mil, segundo a revista Forbes, e a preocupação com a criminalidade foi a questão mais urgente para os moradores naquele pleito.
A corrida chamou a atenção porque os dois principais candidatos eram abertamente gays -um deles Santos, o primeiro republicano da comunidade LGBTQIA+ a conquistar um assento na Câmara.
Após sua eleição, o jornal americano The New York Times mostrou que o deputado mentiu sobre diversos aspectos de sua vida para atrair eleitores -do currículo acadêmico e profissional às fontes de renda e origens familiares. Santos disse ter diplomas da Universidade de Nova York e do Baruch College, apesar de nenhuma das instituições ter registro de sua frequência, e alegou ter trabalhado no Goldman Sachs e no Citigroup, o que também não foi comprovado.
No Brasil, Santos foi indiciado em 2008 por estelionato, depois de ter furtado um talão de cheques que usou para fazer compras em Niterói (RJ) -os cheques de R$ 2.144 não tinham fundos. Em janeiro, a Justiça do Rio de Janeiro reabriu uma investigação contra ele. O advogado contratado pelo deputado para defendê-lo no processo foi condenado por participar de um grupo de extermínio ligado à antiga "máfia das vans" em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
As declarações falsas passam ainda pela sua origem familiar. Ele disse que era judeu e que seus avós escaparam dos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial --depois, justificou que sempre disse ser "jew-ish", trocadilho não utilizado nos EUA que significaria "mais ou menos judeu". Ele tampouco revelou um casamento com uma mulher por vários anos, encerrado em 2019.
Dias depois, Santos admitiu que mentiu sobre sua formação e seu histórico profissional. "Eu não sou um criminoso", disse ele ao NYPost. "Meu pecado foi enfeitar meu currículo. Peço desculpas. Fazemos coisas estúpidas na vida."
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