SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a Guerra da Ucrânia na cúpula do G7 no Japão parecem ter levado o Brasil a ser encarado por parte do Ocidente como pertencente à mesma categoria que países como China e Índia, de "não aliados" de Kiev.
Ao menos foi isso que deu a entender o chanceler da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, ao afirmar nesta segunda (22) que deseja organizar uma cúpula em julho para discutir opções para o fim do conflito.
As três nações, que dividem o Brics com a Rússia e a África do Sul, têm buscado manter certa neutralidade diante do conflito. Mas Pequim e Nova Déli são aliados estratégicos de Moscou e não condenaram a invasão russa de Kiev no âmbito da ONU, ao contrário de Brasília.
"É necessário chamar a atenção e buscar o envolvimento" desses países, afirmou o ministro do país nórdico às margens do Conselho de Relações Internacionais da União Europeia, na sede do bloco, em Bruxelas. "Precisamos nos esforçar para criar um compromisso global."
Em encontro com a imprensa na véspera, pouco antes de voltar ao Brasil após as reuniões no G7, Lula voltou a afirmar que achava que nem os dois países envolvidos nem os aliados ocidentais da Ucrânia estavam suficientemente engajados em buscar o fim das agressões.
"Sinto que nem Putin nem Zelenski estão falando em paz agora. Parece que os dois estão convencidos que alguém vai ganhar. Mas somente a paz vai fazer com que não morram mais pessoas", disse o petista.
"Brasil, China, Índia e Indonésia são alguns países empenhados em construir a paz. Todos nós condenamos a ocupação territorial da Ucrânia, os russos não tinham o direito de fazer isso. Mas isso irá até quando?", prosseguiu, afirmando estar tentando ao lado dos mesmos países construir um bloco de mediação do conflito.
"Somos um grupo de países do Sul que querem encontrar a paz que o Norte não está conseguindo fazer."
O petista ainda dirigiu críticas específicas ao presidente dos EUA, Joe Biden, que segundo ele "não fala em paz". "O discurso do Biden é de que tem que ir para cima do Putin até ele se render. Esse discurso não ajuda."
Em abril, o brasileiro causou celeuma com o governo americano ao dizer ser "preciso que os EUA parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz" em meio a uma viagem à China, com quem Washington trava sua maior disputa geopolítica desde o fim da Guerra Fria. A Casa Branca tachou o comentário de "profundamente problemático" e disse que o presidente repetia "a propaganda da Rússia sem olhar para os fatos".
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