LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) - O governo da Itália anunciou nesta terça-feira (23) um pacote emergencial de mais de EUR 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) de recursos destinados para a região de Emilia-Romagna, localizada no norte do país, e que foi devastada por fortes inundações na última semana. As enchentes causaram a morte de ao menos 15 pessoas e graves danos materiais.
O anúncio foi feito pela primeira-ministra Giorgia Meloni, após reunião de gabinete com ministros para aprovar as medidas. De acordo com a líder do governo, esse é primeiro pacote de medidas para auxiliar na recuperação da região, indicando que pode haver outros. "Sabemos muito bem que estamos falando de emergências, que haverá uma fase de reconstrução, mas não temos condições de quantificar as necessidades como um todo", disse Meloni, que visitou a região no último domingo.
Desse montante, EUR 700 milhões serão destinados a empresas, principalmente exportadoras, enquanto EUR 580 milhões serão em auxílio a famílias e trabalhadores que ficaram sem trabalho devido ao evento extremo. "Na situação atual da Itália, encontrar 2 bilhões em poucos dias não é fácil", acrescentou Meloni. O pais é o segundo Estado-membro mais endividado da zona do euro, atrás apenas da Grécia.
Para obter o recurso, o governo italiano anunciou uma série de medidas. Entre elas, o aumento temporário de um euro no preço da entrada nos museus, além do uso de verba de loterias do Estado.
Na semana passada, o equivalente a seis meses de chuva caiu em apenas 36 horas na Itália. Tempestades devastaram parte da Emilia-Romagna, onde vivem 4,5 milhões de pessoas. Houve o registro de cerca de 300 deslizamentos de terra, 23 rios transbordados e 400 estradas danificadas ou destruídas, além de 42 municípios inundados.
Quase uma semana depois do desastre, cerca de 23 mil pessoas ainda estão desabrigadas e algumas cidades continuam inundadas, enquanto milhares de hectares de terras férteis foram destruídos. Segundo o jornal Corriere Della Sera, o governo mantém alerta vermelho devido ao risco de novas inundações e deslizamentos nas regiões montanhosas de Bolonha e Romagna.
AUXÍLIO
Alguns países vizinhos da Itália anunciaram auxílio para o país. Nesta terça-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, divulgou o envio de 40 soldados de segurança civil, além de equipamentos de bombeamento para ajudar a aliviar as enchentes. Áustria, Bulgária, Alemanha, Polônia, Romênia, Eslovênia e Eslováquia também enviaram equipamentos, conforme anuncio da Comissão Europeia.
As inundações da última semana são o último exemplo de uma série de fenômenos extremos a atingir a Itália desde o ano passado, em meio a um contexto em que eventos do tipo começam a se tornar rotina no país.
Trata-se da segunda vez neste mês que a região de Emilia-Romagna é atingida por um fenômeno climático extremo. As chuvas torrenciais foram seguidas de meses de seca, que, de acordo com meteorologistas, prejudicaram o solo dessas áreas, reduzindo a capacidade da terra de absorver água.
Cientistas afirmam que o aumento da frequência e da intensidade de fenômenos climáticos extremos está relacionado ao aquecimento global, provocado pela atividade humana. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já destacou a necessidade urgente de ações para conter a crise do clima.
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