SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu nesta segunda-feira (12) com Ursula von der Leyen, considerada uma das mulheres mais poderosas do mundo. A alemã é presidente da Comissão Europeia, instituição que propõe políticas e a legislação do bloco com 27 países europeus.
Na hierarquia das instituições da União Europeia, a comissão desempenha um papel semelhante ao Poder Executivo em uma nação. No cargo de presidente, Ursula administra o orçamento do bloco, negocia tratados internacionais e implementa a política acordada entre os países-membros.
Nem todos os projetos encampados pela Comissão Europeia ficam restritos ao velho continente. Em 2021, a instituição propôs apertar o cerco contra mercadorias nocivas ao meio ambiente. A proposta de um projeto que proíbe a entrada na Europa de produtos relacionados ao desmatamento foi ratificada pelo Parlamento Europeu em setembro do ano passado, com potencial para afetar as exportações do Brasil.
A Comissão Europeia se define como uma instituição politicamente independente, mas que defende os interesses da União Europeia e dos cidadãos em questões que não podem ser tratadas de forma eficaz ao nível nacional. Ursula lidera 27 comissários, um de cada país do bloco, que compõem a organização.
Além de propor novas leis, a Comissão Europeia é responsável por definir as prioridades orçamentárias e distribuir os fundos da União Europeia. No encontro com o presidente Lula, Ursula disse que o bloco vai doar EUR 20 milhões (R$ 104,9) para o Fundo Amazônia, destinado à proteção e desenvolvimento da região.
No último ano, com a Guerra da Ucrânia em curso, o país invadido pelas tropas de Vladimir Putin tem sido um dos maiores beneficiados das doações feitas pela Comissão Europeia. Em dezembro, em pleno inverno no hemisfério Norte, a instituição anunciou o envio de cerca de 800 geradores de energia para Kiev --na ocasião, a Rússia centrava esforços para destruir a infraestrutura civil do país vizinho.
Mais que apresentar propostas legislativas e garantir a execução das políticas e do orçamento de boa parte da Europa, a presidente da Comissão Europeia tem um papel simbólico que mantém o bloco unido, diz Uriã Fancelli, mestre em estudos europeus. "A União Europeia tem por definição unir os países por interesses comuns. Mas, dependendo de cada governo, esses interesses vão mudando. É nesse sentido que a presidente da comissão atua para driblar diferenças e forjar a identidade do bloco", afirma.
Ursula ainda tem a responsabilidade de representar a União Europeia em viagens para outros continentes ou em encontros com líderes mundiais. No G7, grupo que reúne algumas das principais economias do mundo, o bloco europeu é representado por Ursula e pelo presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O presidente da Comissão Europeia é eleito por representantes dos países-membros para um mandato de cinco anos. Ursula von der Leyen tomou posse em 1º de dezembro de 2019. Antes, ela era a ministra da Defesa da Alemanha, de perfil moderadamente conservador.
Ursula ficou em primeiro lugar na lista das mulheres mais poderosas do mundo divulgada em dezembro passado pela revista americana Forbes. A alemã encabeçou a lista de cem nomes "por sua liderança durante a Guerra da Ucrânia, bem como por lidar com a pandemia de Covid", segundo a publicação.
Em entrevista à Folha de S.Paulo publicada no domingo (11), Ursula reiterou o apoio à agenda ambiental e climática do governo Lula e disse que os indígenas têm papel central para o Brasil ser uma "superpotência verde".
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