SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Hunter Biden, filho do presidente dos EUA, Joe Biden, deve se declarar culpado de duas acusações federais. Ele respondia processos sobre sonegação de impostos e posse ilegal de arma e fechou acordo com o Departamento de Justiça nesta terça (20).

As acusações federais contra Hunter, 53, resultaram de investigação de David Weiss, procurador em Delaware, estado natal do presidente democrata. Cada processo pode levar a até 12 meses de prisão e uma multa até US$ 100 mil (cerca de R$ 480 mil).

Assim, Hunter concordou com a liberdade condicional e deve ainda comparecer a um tribunal de Delaware nos próximos dias para ser indiciado e formalizar sua declaração como culpado. No caso sobre porte de armas, separado, ele evitará ser processado.

Em breve comunicado, a Casa Branca disse apenas que "o presidente e a primeira-dama amam seu filho e o apoiam enquanto ele continua reconstruindo sua vida" e que não serão feitos mais comentários.

Segundo os autos do tribunal, Hunter teve renda tributável superior a US$ 1,5 milhão em 2017 e 2018, mas não pagou imposto nesses anos, apesar de dever mais de US$ 100 mil. As acusações são consideradas contravenções --ou seja, crimes de menor gravidade.

Christopher Clark, advogado de Hunter, confirmou que seu cliente assumiria a responsabilidade pelos dois casos. "Hunter acredita que é importante assumir a responsabilidade por esses erros que cometeu durante um período de turbulência e vício em sua vida. Ele espera continuar sua recuperação e seguir em frente."

Há anos, Hunter Biden é alvo de ataques do ex-presidente Donald Trump e de republicanos que o acusam de irregularidades. O líder republicano acusa Joe Biden de ter usado sua influência para favorecer os interesses de Hunter, embora comitês de investigação do Senado americano tenham concluído que Biden não se envolveu.

Trump criticou o acordo e as decisões do Departamento de Justiça. O ex-presidente foi recentemente indiciado a nível federal por ter guardado ilegalmente documentos secretos quando deixou o cargo. "O Departamento de Justiça acaba de livrar Hunder de responsabilidade criminal ao dá-lo uma mera multa de trânsito, nosso sistema está falido", escreveu ele em sua plataforma de mídia, a Truth Social.

Iniciada em 2018, a investigação sobre Hunter inicialmente examinou possíveis violações de leis tributárias e de lavagem de dinheiro em transações comerciais estrangeiras, principalmente na China, segundo apurou a agência de notícias Reuters.

Presidente do Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados, o republicano James Comer chamou o acordo judicial de "um tapa na cara". Ele lidera as investigações da Câmara sobre a família de Biden.

Hunter descreveu em um livro de memórias de 2021 que lidava com problemas de abuso de substâncias em sua vida, incluindo uso de crack e alcoolismo. Ele foi selecionado, em 2013, para ser oficial reserva da Marinha americana, mas foi dispensado após um exame toxicológico detectar uso de cocaína.

Biden carrega o luto por dois filhos. A primeira perda, em 1972, foi provocada por um acidente na estrada em que Naomi, com um ano de idade, morreu junto com a mãe, Neilia, a primeira esposa do presidente. Mais recentemente, em 2015, o primogênito, Beau, morreu em decorrência de um câncer no cérebro.

Hunter parece ser o primeiro filho de um presidente em exercício a ser indiciado, de acordo com Aaron Crawford, especialista em história presidencial na Universidade do Tennessee. Crawford disse que a família de vários presidentes foi envolvida em escândalos, incluindo o filho de George H.W. Bush, Neil, que dirigiu um programa de poupança e empréstimo fracassado, e o irmão de Richard Nixon, Don, que foi resgatado de falências pelo rico empresário Howard Hughes.


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