RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Quinta-feira (29) foi a terceira noite de protestos na França após a morte de um jovem por um policial, que teve a prisão preventiva por homicídio voluntário decretada pela Justiça.

A violência começou na última terça-feira (27), nos arredores de Paris, e se estendeu a outras partes da França, depois da morte de Nahel, 17. O adolescente foi atingido por um disparo à queima-roupa efetuado por um agente durante uma blitz, registrado em vídeo.

Confira, a seguir, alguns dos principais protestos da história recente francesa, incluindo o movimento dos "coletes amarelos", de 2018, e os distúrbios de 2005 contra a brutalidade nos subúrbios, que têm sido comparados aos eventos de 2023.

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NOV-DEZ.2018 - COLETES AMARELOS

No fim de 2018, cerca de 282 mil pessoas saíram às ruas das principais cidades francesas no movimento dos "coletes amarelos" ? a peça, obrigatória em todos os veículos como item de segurança, está relacionada à classe trabalhadora e aos motoristas de caminhão.

O aumento do preço dos combustíveis, no governo de Emmanuel Macron, foi o estopim das manifestações. A alta foi causada pela valorização do produto no mercado externo e pelo anúncio de um aumento de impostos, cujo objetivo era incentivar o uso de fontes de energia renováveis.

O ministério do Interior estimou que 2.500 manifestantes e 1.800 policiais ficaram feridos. O governo foi criticado pela forma como reprimiu os protestos e, em resposta ao movimento, congelou o aumento dos impostos e mudanças de preços nos combustíveis, assim como as tarifas de energia elétrica.

OUT-NOV.2005 - CONTRA A BRUTALIDADE NOS SUBÚRBIOS

Comparadas às de 2023, as revoltas de outubro e novembro de 2005 são consideradas os maiores protestos populares da França contemporânea. Três pessoas morreram em decorrência das manifestações.

Em 27 de outubro, três adolescentes de Clichy-sous-Bois, subúrbio a leste de Paris, esconderam-se da polícia, que buscava suspeitos de um arrombamento, em uma estação da rede elétrica.

Dois deles morreram eletrocutados, causando um apagão de energia na região. O incidente agravou tensões sobre racismo, intolerância religiosa, desemprego juvenil e brutalidade policial nos conjuntos habitacionais, causando uma convulsão social que se espalhou pelo país e fez o governo de Nicolas Sarkozy decretar estado de emergência por três meses.

15.OUT.1998 - REVOLTA DOS ESTUDANTES

Durante a gestão de Jacques Chirac, pelo menos 400 mil estudantes secundaristas protestaram nas ruas das principais cidades da França contra salas de aula superlotadas, falta de professores e más condições na rede de ensino.

Ao longo da passeata, várias cabines de telefone foram destruídas, vitrines de lojas quebradas e carros foram incendiados. Algumas lojas chegaram a ser saqueadas. No total, 82 pessoas foram presas e cinco ficaram feridas, entre elas dois policiais e um estudante.

17.MAR.1994 - PROTESTO POR SALÁRIO

Entre 30 mil e 35 mil pessoas fizeram uma manifestação em Paris para protestar contra o Contrato de Inserção Profissional (CIP).

Mais de 15 carros foram depredados e incendiados. Os cerca de mil jovens que permaneciam na praça dos Invalides atacaram os policiais com pedras e o que mais estivesse à mão. Cerca de cem jovens foram detidos e 32 policiais ficaram feridos.

Os estudantes e os sindicatos estavam jogando um braço-de-ferro com o primeiro-ministro Edouard Balladur, que se recusava a retirar o decreto do CIP (um plano contra o desemprego que previa a contratação de jovens por 80% do salário dito convencional).

11.MAI.1968 - NOITE DAS BARRICADAS

Em uma noite em que "viram-se coisas nunca vistas", na definição do chefe de polícia, Maurice Grimaud, estudantes tocaram fogo em carros e ergueram barricadas contra as autoridades a partir de paralelepípedos arrancados das vias do Quartier Latin, bairro universitário da capital francesa. Agressões partiram dos dois lados.

O saldo oficial da "noite das barricadas" foi de 367 feridos, dos quais 251 policiais e 116 manifestantes. Ao menos 60 veículos foram incendiados e 128 foram danificados. Mais de 400 pessoas foram detidas.

A violência aprofundou a pressão sobre o governo do então presidente Charles de Gaulle.

O confronto começou durante um protesto a princípio pacífico, com público estimado entre 20 mil e 50 mil pessoas, que partiu da praça Denfert-Rochereau, ao sul de Paris, em direção ao Quartier Latin.

O ato se somou a uma série de manifestações e confrontos que ocorriam no país para exigir a reabertura da Sorbonne, coração do ensino superior francês, fechada devido à onda de distúrbios.


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