SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os incêndios florestais que assolam a Grécia há mais de uma semana, em meio a onda de calor que atinge a Europa, deram uma trégua nesta quarta (26). Ainda assim, bombeiros ainda atuam em várias frentes para tentar conter as chamas que já mataram três pessoas e causaram a retirada de milhares de turistas.

Na ilha de Rodes, 266 bombeiros, que contam com o apoio de três helicópteros e dois aviões, combatem um foco de fogo perto de uma área montanhosa. Mais de 20 mil estrangeiros deixaram hotéis e casas à beira-mar na região durante no fim de semana, e voos para a área foram cancelados até sexta (28).

"O fogo é mais intenso próximo à aldeia de Vati, de difícil acesso, mas nenhum assentamento está em risco em Rodes", disse um oficial do Corpo de Bombeiros à agência de notícias Reuters.

Uma das maiores ilhas da Grécia, Rodes atrai cerca de 1,5 milhão de pessoas nos meses de verão no hemisfério Norte e está entre os principais destinos de turistas. Assim, o governo tenta conter os danos à reputação da região, uma das principais fontes de receita do país. Nessa toada, a ministra do Turismo, Olga Kefalogianni, disse que os incêndios afetaram apenas uma pequena parte da ilha. "Entramos em contato com a câmara dos hoteleiros e queremos ver como trazer as pessoas de volta."

Os bombeiros também seguem atuando na ilha de Evia, onde dois pilotos morreram na terça-feira (25), após um avião que lançava água sobre as chamas cair em uma encosta. Desaparecido desde domingo (23), um criador de gado de 41 anos também foi encontrado queimado em um barraco da região.

De acordo com o serviço de meteorologia do país, os termômetros na Grécia devem alcançar 45º C em algumas áreas. Devido ao calor, o governo fechou durante a manhã a Acrópole em Atenas, um dos pontos turísticos mais visitados do mundo, assim como outras atrações. "Peço que nenhum trabalhador saia às ruas hoje. Será o dia mais quente do verão", postou o ministro do Trabalho, Adonis Georgiadis, no Twitter.

Segundo Ioannis Artopoios, porta-voz dos bombeiros, cerca de 500 incêndios florestais foram registrados no país desde 13 de julho. O combate às chamas também é um fardo financeiro. Os esforços já custaram cerca de EUR 7,5 milhões (R$ 39 milhões) somente em Rodes.

O Copernicus, observatório do planeta da União Europeia, indicou nesta quarta que as emissões provocadas pela fumaça dos incêndios no país mediterrâneo são as mais altas registradas neste período nos últimos 21 anos. Entre 1° e 25 de julho, um total estimado em 1 megatonelada de carbono foi produzido no país. Segundo o observatório, é quase o dobro do recorde anterior, de julho de 2007.

Outras regiões da Europa sofrem com a onda de calor. Na Itália, ao menos cinco pessoas morreram devido às tempestades no norte e a fortes incêndios na Sicília, o que pode levar o governo a declarar estado de emergência nas áreas mais afetadas. Os corpos carbonizados de dois idosos foram encontrados em uma casa destruída pelas chamas, enquanto uma mulher de 88 anos morreu perto de Palermo.

Também houve incêndios em Portugal, na orla do Atlântico e nos arredores de Cascais, popular destino de férias a noroeste de Lisboa, onde centenas de bombeiros foram mobilizados para conter as chamas.

Os cientistas do grupo World Weather Attribution consideram que as ondas de calor que afetaram algumas áreas da Europa e da América do Norte neste mês teriam sido quase impossíveis sem as mudanças climáticas provocadas pela ação humana. "As recentes ondas de calor já não são acontecimentos excepcionais e as que virão serão ainda mais intensas e frequentes se as emissões de gases de efeito estufa não forem rapidamente reduzidas", indicaram os pesquisadores.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!