SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O candidato de ultradireita à Presidência da Argentina Javier Milei, líder do A Liberdade Avança, reuniu milhares de apoiadores em uma arena multiúso de Buenos Aires na noite desta segunda-feira (7) para o ato que encerrou sua campanha. O comício, com clima de estádio de futebol, viralizou nas redes sociais.
Os eleitores argentinos votam no próximo domingo (13) nas primárias presidenciais. Economista e professor, Milei se define como "anarcocapitalista" e se apresenta como um candidato da terceira via.
Os apoiadores do político lotaram a Movistar Arena, que comporta até 15 mil pessoas, e entoaram cânticos semelhantes aos das partidas de futebol. "Que se vayan todos" (que todos vão embora), gritaram.
"Se continuarem sendo os mesmos [políticos], eles continuarão causando desastres", disse Milei, segundo o jornal argentino Clárin. "Os principais candidatos dos principais partidos são os mesmos que estavam na catástrofe de 2001 [quando uma crise econômica motivou protestos em várias cidades argentinas]."
Usando o lema "contra a casta política" e apresentando-se como "diferente de tudo que está aí", Milei por vezes é comparado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O argentino ficou conhecido a partir de 2018 por seu modo agressivo de falar e por críticas contundentes à atual vice-presidente Cristina Kirchner, ao presidente Alberto Fernández e ao seu antecessor, Maurício Macri.
Naquele ano, Milei chamou uma jornalista de "burra" e teve de pedir desculpas na Justiça. Ele foi eleito deputado por Buenos Aires em 2021 e tem como principal proposta a dolarização da economia argentina. Costuma atrair principalmente o eleitorado jovem, e sua vice é a também deputada Victoria Villarruel.
Seus principais concorrentes na eleição serão Sergio Massa, ministro da Economia, da coalizão peronista União pela Pátria, e Horacio Larreta, chefe da capital federal Buenos Aires, ou Patricia Bullrich, ex-ministra de Segurança de Macri, que disputam as primárias pela aliança de oposição Juntos por el Cambio.
Esta eleição é vista como uma das mais incertas dos últimos 20 anos, e as primárias, como uma espécie de grande pesquisa nacional. Milei perdeu fôlego no último mês e registra de 12% a 20% das intenções de voto, segundo as pesquisas, mas ainda tem chances.
Em junho, a Justiça Eleitoral da Argentina abriu uma investigação preliminar contra Milei. Ex-aliados acusam a coalizão que o deputado lidera, a Liberdade Avança, de vender candidaturas, o que ele nega.
As denúncias sobre as supostas vendas ganharam força quando o empresário Juan Carlos Blumberg, que deixou a coalizão recentemente, acusou o grupo de fazer da política "um negócio" e de pedir até US$ 50 mil dólares para que ele se candidatasse a vereador. A investigação vai apurar se existem ou não indícios de condutas criminosas, antes que seja aberto um eventual processo.
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