SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Crimeia voltou a ser foco da Guerra da Ucrânia neste sábado (12). A Rússia disse que derrubou 20 drones e dois mísseis nessa península que vive um limbo geopolítico desde que foi anexada por Moscou em 2014, após um ataque contra Kiev que seria o prefácio do atual conflito.
"As forças de defesa antiaérea derrubaram dois mísseis inimigos perto do Estreito de Kerch. A ponte da Crimeia não foi danificada", disse o governador da região nomeado pela Rússia, Serguei Aksionov, no Telegram. Mais tarde, ele acrescentou que um terceiro míssil foi interceptado. O Ministério de Defesa da Rússia, por sua vez, relatou a derrubada de 20 drones ucranianos perto da península -14 deles por sistemas de defesa antiaérea, e seis por meios eletrônicos.
Os ataques frustrados não causaram danos materiais nem deixaram vítimas, acrescentaram as autoridades, mas a ponte foi fechada em dois momentos. Mesmo assim, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, descreveu as incursões ucranianas como "ataques terroristas" que "não ficarão sem resposta".
Construída por ordem do presidente russo, Vladimir Putin, após a anexação do território, a estratégica ponte de 19 km que liga a Crimeia à Rússia foi alvo de ataques ucranianos algumas vezes desde o início da guerra. Em um dos últimos deles, em julho, a ofensiva causou danos significativos no trecho rodoviário da estrutura --que serve, aliás, para transportar equipamento militar para o Exército russo.
Na ocasião, Putin foi à TV para afirmar que os ucranianos cometeram "um ato terrorista" e que a resposta militar à ação estava sendo elaborada. Kiev quase nunca assume publicamente a responsabilidade por tais ataques, mas costuma dizer que que destruir a infraestrutura militar da Rússia é crucial para sua contraofensiva.
Também neste sábado, a Ucrânia foi alvo de novos bombardeios russos em Zaporíjia, cidade ao sul do país ocupada em março de 2022 por forças da russas. Segundo relatos das autoridades, um policial morreu e 12 pessoas ficaram feridas.
Nessa mesma região, três drones de fabricação iraniana foram destruídos e, em Krivoi Rog, cidade natal do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, houve um ataque com mísseis que não fez vítimas. Já a região de Kharkiv, no nordeste do país, foi palco de um bombardeio que matou um homem, segundo as autoridades locais.
O Exército russo disse nesta sexta (11) que "melhorou" suas posições no nordeste da Ucrânia. Em junho, Kiev lançou uma contraofensiva depois de passar o primeiro semestre do ano reforçando o seu arsenal militar por meio de doações e treinamentos de potências ocidentais. O país do Leste Europeu, porém, reconhece as dificuldades ante a resistência das tropas russas.
O Ocidente continua armando o aliado. Nesta sexta, a União Europeia anunciou a entrega de quase 224 mil obuses a Kiev, como parte da primeira parte de um plano aprovado em março. O projeto de de EUR 2 bilhões (cerca R$ 10,9 bilhões) inclui o envio para a Ucrânia de um milhão de obuses de 155 mm.
Enquanto isso, o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, viajou ao Ártico, onde Moscou reforça seu dispositivo militar antes mesmo do início do conflito na Ucrânia. Ele inspecionou a infraestrutura militar e verificou "a prontidão para ações de proteção e defesa de instalações críticas", disse o ministério no Telegram neste sábado.
Como parte do treinamento de combate, caças-interceptores MiG-31 realizaram atividades de defesa e reconhecimento aéreo e cobertura para tropas e forças que operam na zona do Ártico, segundo a pasta. Acompanhado do chefe da agência nuclear da Rússia, Alexei Likatchev, o ministro russo também inspecionou um campo de testes de armas nucleares.
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