BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) - Enquanto equipes de resgate fazem uma varredura rua a rua no que restou da cidade de Lahaina, no Havaí, após a passagem do mais mortal incêndio florestal em 100 anos nos Estados Unidos, familiares esperam aflitos por notícias que nunca chegam sobre familiares desaparecidos, após uma semana da catástrofe.

À rede CNN, o governador do Havaí, Josh Green, afirmou que o estado dos corpos encontrados, 107 até o momento, dificulta a identificação das vítimas, das quais apenas 5 foram discernidas e nomeadas. Socorristas encontram restos mortais irreconhecíveis em meio a escombros e cinzas, e raramente conseguem coletar digitais. "É como uma uma zona de guerra ou o que vimos no 11 de Setembro", disse.

Ao mesmo tempo, partes da ilha de Maui seguem com o setor turístico funcionando, sob protestos de residentes que veem como inconcebível o lazer de visitantes em praias, passeios de barco e atividades como mergulho e snorkel a poucos quilômetros da tragédia.

"Nossa comunidade precisa de tempo para se curar, viver o luto e se recuperar", escreveu o ator havaiano Jason Momoa nas redes sociais. Ele pediu que turistas cancelem viagens à ilha.

Por outro lado, o setor responde por 80% da economia de Maui e já sofre com cancelamentos e drástica redução de visitantes. Segundo o departamento responsável pelo turismo no arquipélago, o número de passageiros chegando em aeroportos caiu 81% se comparado ao mesmo período do ano passado.

"Nosso povo precisa sobreviver, e não podemos nos dar ao luxo de não termos emprego ou futuro para nossas crianças", disse o governador. "Quando você restringe qualquer viagem à região, devasta seus residentes mais do que qualquer um."Conforme os restos mortais carbonizados são encontrados em Lahaina, os investigadores precisam traçar perfis genéticos a partir do que é resgatado e torcer para que o material corresponda a algum dado disponível ou ao DNA fornecido por familiares de desaparecidos.

"Pedimos a todos na área que estejam preocupados que vão ao centro de suporte à família e providenciem material genético para que possamos achar correspondência [com os corpos]", disse Green. Por enquanto, segundo a administração do condado de Maui, apenas 41 amostras de DNA foram fornecidas no centro.

Das cinco vítimas identificadas, apenas duas tiveram o nome divulgado. As autoridades anunciarão os nomes restantes depois de comunicar familiares dos mortos.

Enquanto isso, as buscas continuam com 185 trabalhadores e pouca clareza sobre quantas pessoas estão ainda desaparecidas. Na terça-feira (15), o condado de Maui informou que 32% da área atingida foi vasculhada; o governador fala em 27%, e diz que "muito já terá sido feito" até o fim de semana.

Segundo Green, parte dos restos mortais encontrados estavam em uma rua à beira-mar. "Agora que estamos entrando nas casas, não temos certeza do que vamos ver. Estamos esperançosos e rezando para que os números não sejam grandes", disse o governador também à rede CNN.

AGÊNCIA QUER DOBRAR NÚMERO DE CÃES FAREJADORES

Os times de resgate contam com a ajuda de 20 cães farejadores treinados para discernir o odor de restos mortais humanos do cheiro de corpos de outros animais, entre outros indícios da destruição em Lahaina que são captados pelo olfato apurado.

A Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (Fema), afirmou nesta quarta-feira (16) que a equipe canina deve aumentar para pelo menos 40 animais.

"Devido às condições e destroços após o fogo, os cães têm que navegar pelo calor e por locais em que suas patas caminham sobre vidro e escombros. Eles precisam descansar com frequência, por isso vamos enviar mais cachorros para aumentar a operação", afirmou Deanne Criswell, diretora da agência.

Dependendo das condições do local investigado, cada cão farejador consegue vasculhar algumas dezenas de casas por dia. Eles também são treinados para que, ao encontrar uma pista, avisem os humanos da equipe em vez de adentrar o espaço, preservando o espaço de busca.

O treinamento foi desenvolvido a partir de lições aprendidas em incêndios florestais na Califórnia nos últimos anos, como o ocorrido em 2018 em Paradise, Califórnia, no qual 86 pessoas morreram.

"Antigamente, as pessoas costumavam apenas entrar, olhar, usar rastelos e pás, o que dificultava o trabalho forense, porque resultava em restos mortais mais difíceis de identificar. E quando havia vários indivíduos juntos, esses ossos ficavam misturados, tornando o trabalho dos investigadores ainda mais difícil", diz Mary Cablk, especialista de Nevada que participou de outros treinamentos caninos.


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