SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Moscou voltou a ser alvo de um ataque com drone na noite desta quinta-feira (17). Autoridades locais admitem que um dos equipamentos conseguiu invadir o espaço aéreo da capital antes de ser destruído. Segundo o Kremlin, ninguém ficou ferido, mas a queda de destroços danificou um prédio na região central.
Ainda que a ofensiva não tenha provocado danos graves, a presença de drones na capital russa causa desconforto ao governo de Vladimir Putin. O episódio é o mais recente de uma série de ataques utilizando esse tipo de artefato, incluindo contra o Kremlin e cidades perto da fronteira ucraniana.
Uma testemunha disse à agência de notícias Reuters que estava na área e ouviu um barulho "muito forte". Imagens divulgadas nas redes sociais que não puderam ser verificadas de forma independente mostram o que seria o momento do ataque, com uma explosão próxima a prédios com vidros espelhados.
O prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, disse que os destroços atingiram uma instalação do complexo Expo Center. O local, a menos de cinco quilômetros do Kremlin, reúne salões multifuncionais e espaços para exposições. Segundo a agência Tass, uma das paredes de um pavilhão desabou parcialmente. O ataque aconteceu por volta das 4h desta sexta-feira no horário local (22h de quinta em Brasília).
"O regime de Kiev lançou outro ataque terrorista usando um veículo aéreo não tripulado contra alvos em Moscou", disse o Ministério da Defesa russo. Por precaução, as autoridades suspenderam o tráfego aéreo na capital, que já foi restabelecido. Sete voos foram redirecionados para aeroportos alternativos.
A capital russa, que no início da Guerra da Ucrânia não sofreu ataques, virou um alvo frequente de ofensivas com drones atribuídas à Ucrânia. Por serem relativamente pequenos, esses equipamentos são mais difíceis de serem detectados pelas forças de defesa. Um deles, em maio, explodiu sobre o Kremlin, sede do governo russo e um dos locais mais fortificados do mundo.
No início de julho, Moscou disse ter abatido cinco equipamentos ucranianos que teriam sido lançados sobre o aeroporto de Vnukovo, na capital. Há duas semanas, dois ataques com drones provocaram danos na fachada de um arranha-céu no distrito de Moscow-City, que concentra escritórios de três ministérios russos (Desenvolvimento Econômico, Digital e Indústria e Comércio) e de empresas de tecnologia.
Sem comentar diretamente a autoria das ofensivas, o líder da Ucrânia, Volodimir Zelenski, chegou a dizer no mês passado que o conflito estava chegando à Rússia. "A guerra está voltando ao território russo, aos seus centros simbólicos e bases militares, um processo inevitável", afirmou.
Outro foco das hostilidades no conflito é o mar Negro, onde as tensões aumentaram após Moscou abandonar em meados de julho o acordo mediado pela ONU e pela Turquia que permitia a exportação de grãos ucranianos. Nesta quinta à noite, o Ministério da Defesa russo disse que as forças do país impediram um novo ataque com um drone naval contra sua frota na região.
Segundo a pasta, drones ucranianos tinham como alvos dois barcos de patrulha que "cumpriam tarefas de controle de navegação" a cerca de 230 quilômetros a sudoeste de Sebastopol, na Crimeia anexada. "O aparelho inimigo sem tripulação foi destruído pelos disparos dos navios russos sem conseguir cumprir seu objetivo", disse o governo em nota oficial.
Um dos alvos seria o navio Vassili Bikov, que no domingo disparou tiros de advertência contra um cargueiro de uma empresa turca que seguia para o porto ucraniano de Izmail. Desde o fim do acordo de exportação de grãos, os dois lados ameaçam atacar os navios de carga que avançam em direção aos portos do lado considerado inimigo.
Apesar da tensão, um cargueiro que zarpou da Ucrânia com a bandeira de Hong Kong conseguiu chegar também nesta quinta às águas da Turquia. A embarcação foi a primeira a completar o trajeto desde o fim do acordo.
Nas últimas semanas, Moscou ainda intensificou os ataques contra as infraestruturas portuárias ucranianas no mar Negro e no rio Danúbio. As hostilidades acontecem em meio à contraofensiva ucraniana iniciada em junho, que registra avanço mais lento do que o esperado por Kiev, apesar dos novos equipamentos de defesa fornecidos pelos aliados ocidentais.
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