BOA VISTA , RR (O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump usou entrevista gravada com Tucker Carlson, ex-âncora da Fox News, para repetir acusações falsas sobre as eleições, criticar o presidente democrata Joe Biden e atacar adversários republicanos que estavam em debate do partido simultaneamente sem ser questionado.

A conversa foi ao ar no perfil do apresentador no X, antigo Twitter, na noite desta quarta-feira (23), pouco antes do início do primeiro debate entre candidatos nas primárias do Partido Republicano, realizado no estado de Wisconsin e transmitido pela Fox News, que Trump recusou participar sob o argumento de que os americanos "já o conheciam".

O ex-presidente é líder isolado das pesquisas como pré-candidato da legenda à Presidência e também quer evitar ser atacado por outros candidatos, especialmente em meio a quatro casos criminais em que é réu.

Ele chamou os adversários Asa Hutchinson de "fraco e patético" e Chris Christie de "maníaco e lunático". Trump mencionou apenas de passagem Ron DeSantis, governador da Flórida que mais se aproxima do ex-presidente nas pesquisas.

A Fox News tentou convencer Trump pública e reservadamente a participar do evento. Durante as conversas, no entanto, o ex-presidente já havia sinalizado a pessoas próximas que seguiria com seu plano de publicar a entrevista com Carlson.

O apresentador, aliás, era a estrela do canal, líder de audiência em horário nobre e uma das figuras mais polêmicas da direita americana. Envolvido em processo milionário por difamação em alegações falsas de fraude eleitoral, ele deixou a rede de televisão, que ainda paga seu contrato e com quem Carlson está em guerra desde que saiu.

A acusação de fraude eleitoral é algo que Trump tem feito desde o fim do pleito, em 2020, quando perdeu para o atual presidente americano, o democrata Joe Biden. Em janeiro de 2021, a invasão do Capitólio que se seguiu motivou um dos quatro processo em que o ex-presidente é réu por, entre outras acusações, conspiração para defraudar os EUA e tentativa de obstrução de um procedimento oficial.

Nesta quinta-feira, os holofotes devem se voltar novamente para Trump. Ele anunciou que se entregará à Justiça da Geórgia na data, parte do processo criminal mais recente do qual ele é alvo. Na denúncia do processo, o ex-presidente e aliados teriam se organizado para mudar o resultado da eleição na Geórgia, estado onde o republicano perdeu por uma diferença de apenas 0,02 ponto percentual.

Em uma ligação por telefone vazada, ele pede a uma autoridade do estado que "encontre" cerca de 12 mil votos -necessário para reverter o placar no estado. A procuradoria montou seu caso com base em uma legislação usada no combate ao crime organizado conhecida como Rico ("Racketeer Influenced and Corrupt Organizations").

Nesta quarta, o ex-advogado de Trump e ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani compareceu a uma unidade prisional em Atlanta nesta para ser acusado formalmente pela Justiça de tentar reverter o resultado das eleições de 2020 em favor do republicano no estado. Outros aliados, como Jenna Ellis e Sidney Powell, também se entregaram.

"Talvez tenham mais indiciamentos, não sei, essas pessoas são loucas", afirmou Trump em pergunta de Carlson sobre as acusações de que ele alvo não terem um efeito negativo nas pesquisas das primárias republicanas.


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