SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A proposta dos Estados Unidos de enviar um pacote de assistência militar direta a Taiwan fez a China subir o tom contra os americanos nesta quinta-feira (31). À imprensa, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês, Wu Qian, afirmou que a medida americana tem como único objetivo alimentar a indústria militar do país, e disse que o Exército chinês "tomaria, como de praxe, todas as medidas necessárias" para equilibrar a situação.
O pacote em questão, que prevê US$ 80 milhões (R$ 395 milhões) de ajuda militar a Taipé, ainda não foi aprovado, tendo apenas sido apresentado ao Congresso na terça-feira após ser sancionado pelo presidente Joe Biden.
O valor do pacote é menor do que o envolvido em algumas vendas recentes de equipamentos bélicos americanos para a ilha. Mas ele marcaria a primeira vez que Washington faria uso do FMF (sigla para Foreign Military Financing, ou Financiamento Militar Estrangeiro), em geral voltado para Estados soberanos, para auxiliar Taipé.
Os EUA não reconhecem Taiwan como independente, apesar de representarem seu maior aliado ocidental, além de principal fornecedor de armas. Fazê-lo significaria romper relações diplomáticas com a China --que consideram o território uma província rebelde e ameaçam retomá-la por meio da força se necessário. Assim, diferentes gestões americanas enviaram equipamentos bélicos à ilha vendendo-os à representação de Taipé em Washington.
O Departamento de Estado afirmou que o fato de que a pacote seria remetido via FMF, maior programa de assistência militar administrado pela pasta, não reflete qualquer mudança na política externa americana, e busca apenas pôr a disposição da ilha "artigos e serviços" necessários para que ela possa se defender.
O ministério da Defesa taiwanês, por sua vez, expressou sua gratidão e garantiu que "a ajuda contribuirá para a paz e a estabilidade regionais" em uma breve nota.
Embora os EUA não tenham divulgado detalhes sobre o pacote, uma fonte familiarizada com o tema afirmou à AFP que ele consiste em apoio para defesas marítimas. Ele ainda precisa ser aprovado no Congresso para valer -o que é praticamente certo, uma vez que tanto democratas quanto republicanos são a favor da ilha.
O deputado republicano Mike McCaul, que lidera o Comitê de Relações Exteriores da Câmara, elogiou a medida. "Estas armas não só ajudarão Taiwan e protegerão outras democracias na região, como também fortalecerão a postura de dissuasão dos EUA e garantirão nossa segurança nacional frente a um PCC [Partido Comunista Chinês, que comanda o país] cada vez mais agressivo", disse.
Washington e Taipei vêm se aproximando nos últimos três anos -mesmo período em que Pequim acirrou sua busca pelo título de potência global, aprofundando a chamada Guerra Fria 2.0.
Ainda que não o único, a ilha representa um dos maiores pontos de discórdia entre os EUA e a China. Em 2022, a visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara e mais alta autoridade americana a viajar à ilha em 25 anos, abriu uma crise entre os dois países e aumentou a pressão chinesa contra Taiwan, levando o regime a manter atividades militares quase diárias perto da ilha.
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