WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta segunda-feira (9) os ataques promovidos pelo grupo terrorista Hamas a Israel que provocaram centenas de mortes. Ressaltou, ao mesmo tempo, que as operações militares de Tel Aviv devem ser conduzidas de acordo com o direito internacional, respeitando a população civil.

Guterres também afirmou estar "profundamente angustiado" com o anúncio feito por Israel nesta segunda de um cerco total à Faixa de Gaza. "A situação militar em Gaza já era extremamente grave antes dessas hostilidades. Agora, só vai piorar exponencialmente."

Ele disse ainda que a eclosão do conflito não ocorre no vácuo, reconhecendo de um lado as "queixas legítimas" palestinas sobre a ocupação, há 56 anos, de seu território, mas que elas não justificam "atos de terror, mutilação e sequestro de civis".

A contraofensiva israelense, por sua vez, tampouco tem respeitado os princípios do direito internacional, afirmou Guterres, citando mísseis disparados contra centros de saúde, prédios residenciais, uma mesquita e duas escolas mantidas pelo braço da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) que abrigavam civis que tiveram de sair de suas casas em Gaza.

"Enquanto eu reconheço a legitimidade das preocupações de segurança de Israel, eu também relembro Israel que operações militares devem ser conduzidas em rígida conformidade com o direito internacional humanitário", ressaltou.

O secretário-geral disse que está conversando com lideranças da região para evitar que o conflito se espalhe. "Mesmo nos piores momentos, e talvez especialmente nos momentos mais difíceis, é vital olhar para o horizonte de longo prazo e evitar ações irreversíveis que fortaleceriam os extremistas e acabariam com qualquer perspectiva de paz duradoura", alertou.

O discurso ocorre um dia após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança em que o tema foi discutido. Segundo o embaixador brasileiro, Sérgio Danese, que preside o órgão neste mês, houve uma apresentação aos países-membros sobre o cenário local. A instância máxima de poder da ONU, no entanto, não emitiu nenhuma declaração sobre o conflito. Novos encontros devem ocorrer, embora ainda não exista uma data.

Dos 15 membros do conselho, 5 são permanentes e com poder de veto. Entre eles, estão os Estados Unidos, grandes aliados de Israel, e que já estão provendo ajuda militar ao país. O representante da China, por sua vez, afirmou no domingo, antes da reunião, que todos os ataques a civis devem ser condenados -em alusão tanto a israelenses quanto palestinos.

A posição do Brasil defende que a negociação é o único caminho para que a solução de dois estados seja concretizada, conforme as fronteiras internacionalmente reconhecidas.

"[A posição do Brasil] foi no sentido de manifestar preocupação e defesa pelo que está acontecendo, e sobretudo olhar um pouco as causas de todo esse processo que de violência que vem marcando a vida da região, e para a possibilidade de voltar a um trilho negociador", afirmou o embaixador do Brasil na ONU, Sérgio Danese, após a reunião.

Na mesma linha, Guterres afirmou nesta segunda que a negociação é o único caminho para atender "às legítimas aspirações nacionais de palestinos e israelenses, juntamente a segurança de ambas as partes".

A expectativa de Israel era que o conselho condenasse os ataques do Hamas como crimes de guerra e manifestasse apoio ao direito do país, que declarou guerra neste sábado, de se defender.

Já o representante da palestina nas Nações Unidas alertou que um endosso do Conselho de Segurança ao direito de defesa israelense seria interpretado pelo país como uma "licença para matar".


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