SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas, que entra no seu quarto dia nesta terça-feira (10), já produziu evidências de possíveis crimes de guerra, segundo a Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre o Território Palestino Ocupado. Tais evidências, de acordo com a organização, serão compartilhadas com o Tribunal Penal Internacional.
"Já existem evidências claras de que crimes de guerra podem ter sido cometidos na última explosão de violência em Israel e Gaza, e todos aqueles que violaram o direito internacional e atacaram civis devem ser responsabilizados por seus crimes", afirmou a comissão em comunicado publicado nesta terça.
"Relatos de que grupos armados de Gaza têm executado centenas de civis desarmados são abomináveis e não podem ser tolerados. Tomar civis como reféns e usar civis como escudos humanos é um crime de guerra", diz a nota. "A Comissão está profundamente preocupada com o último ataque de Israel e com o anúncio de um cerco completo a Gaza, envolvendo a retenção de água, alimentos, eletricidade e combustível, o que, sem dúvida, custará vidas civis e constitui punição coletiva."
A organização diz estar coletando e preservando provas de eventuais crimes de ambos os lados do conflito, e afirma estar comprometida com a responsabilização legal dos envolvidos, tanto dos diretamente ligados a agressões quanto daqueles em posições de comando.
"A comissão continuará compartilhando as informações coletadas com as autoridades judiciais relevantes, especialmente com o Tribunal Penal Internacional, onde o gabinete do procurador iniciou uma investigação sobre a situação da Palestina em 2021", continua.
Para a entidade, o único caminho para acabar com a violência de forma duradoura na região é atacando as causas fundamentais do conflito, ou seja, com "o fim da ocupação ilegal do território palestino e o reconhecimento do direito do povo palestino à autodeterminação", conclui.
A região do Oriente Médio entrou em uma espiral de violência desde o último sábado (7), quando combatentes do grupo extremista palestino Hamas, que controla a Faixa de Gaza, se infiltraram no território israelita em uma ofensiva sem precedentes na história do país.
O ataque deixou deixou mais de 900 mortos em Israel, a maior parte formada por civis. Em resposta, as forças israelenses têm feito ataques diários contra alvos em Gaza. Os bombardeios mataram ao menos 687 pessoas, número que também inclui civis, segundo autoridades palestinas. A expectativa é que o número de vítimas aumente nas próximas semanas --no domingo, o premiê Binyamin Netanyahu falou que o conflito seria "longo e difícil".
Na segunda-feira (9), Israel odenou um cerco total à Faixa de Gaza --o ministro da Defesa, Yoav Gallant, ordenou que todos os serviços básicos oferecidos na região sejam suprimidos em uma região que já sofre com desabastecimento e onde vivem mais de 2 milhões de pessoas. "Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás. Tudo bloqueado", disse Gallant em vídeo. "Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo", continuou o ministro de Netanyahu, cujo governo é o mais à direita da história do país.
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