SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O balé de sinalizações nada sutis dos atores em torno da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas teve desenvolvimentos importantes neste sábado (14).

Os Estados Unidos vão reforçar sua presença militar com um segundo porta-aviões no Mediterrâneo Oriental para apoiar a ofensiva israelense em Gaza e tentar dissuadir o Irã e seus aliados regionais a intervir no conflito. Já Teerã enviou seu chanceler para debater a crise pela primeira vez com líderes do Hamas e de outra organização terrorista, a Jihad Islâmica.

Por fim, a Síria acusou Israel de atacar novamente seu aeroporto na cidade de Aleppo, no norte do país.

O anúncio americano veio no começo da noite, após a rede de TV ABC adiantar que o USS Dwight Eisenhower e seu grupo de ataque deixarão a base de Norfolk (EUA) rumo à costa israelense. É uma esquadra com um cruzador, dois destróieres, todos capazes de missões de bombardeio com mísseis e interceptação, além de navios de apoio.

É um poder de fogo enorme, ainda por cima quando somado ao do USS Gerald Ford, maior navio de guerra do mundo, que já chegou à área com escolta semelhante.

O novo grupo deverá demorar mais de três semanas, contudo, para chegar até a área de Haifa (norte de Israel). O movimento anterior foi criticado pela Rússia e pela Turquia, que o chamaram de escalatório. O presidente Vladimir Putin chegou a questionar se Washington "queria bombardear o Líbano ou o quê" com a presença do porta-aviões de propulsão nuclear.

Além disso, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que a Força Aérea deslocou para suas bases no Oriente Médio esquadrões de caça F-15, especializado em ataques de longa distância, F-16 e A-10, um modelo empregado para atacar tropas e blindados.

Tudo isso sinaliza um apoio maciço a Israel no caso de as coisas saírem de controle, como nas escaramuças quase diárias com o Hizbullah, milícia libanesa apoiada por Teerã que é aliada do Hamas.

Já os iranianos apostaram nos gestos políticos. O Hamas divulgou neste sábado que o seu líder político, Ismail Hanyeh, encontrou-se no Qatar com o chanceler do Irã, Amir Abdollahian. Foi a primeira reunião pública entre uma alta autoridade do país que ajuda a financiar o grupo terrorista que atacou Israel e um de seus dirigentes.

Antes, Abdollahian havia se reunido em Beirute com o secretário-geral de outra organização que combate o Estado judeu, a Jihad Islâmica. O Irã chama a reunião de entes que rejeitam a existência de Israel e os acordos crescentes entre o Estado judeu e países árabes da região, como os Emirados, de "Eixo da Resistência".

Em comum, todos têm ligação com a Rússia de Putin, adversária dos EUA na Guerra da Ucrânia e no embate maior que o Kremlin defende ter com o Ocidente. No grupo também está a Síria, que voltou ao noticiário neste sábado com uma troca de fogo com Israel na região das colinas de Golã, áreas sírias ocupadas por Tel Aviv desde 1967.

Dois dias depois de um ataque atribuído a Israel contra os aeroportos de Damasco e de Aleppo, o principal ponto do norte do país, Damasco acusou novamente Tel Aviv de alvejar o segundo aeródromo. As Forças de Defesa de Israel não comentaram o caso, que mais uma vez demonstra os riscos de uma escalada regional da crise.

A hipótese central, na provável hipótese do ataque ter sido israelense, é uma advertência contra o envolvimento da Síria no conflito --os aeroportos são pontos de entrada de armamentos do Irã, aliado de todos os adversários de Israel na região, que podem ser direcionados ao Hizbullah, por exemplo.


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