SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A fronteira da Faixa de Gaza com o Egito permanece fechada neste sábado (11) devido aos combates intensos em torno do maior hospital da região, o Al-Shifa. Com isso, segue retido o grupo de 34 pessoas sob responsabilidade do Itamaraty na região, que já está autorizado a sair.
Com a ação militar de Israel se intensificando na área do hospital, que tinha cerca de 80 mil refugiados e pacientes até a sexta (10), as ambulâncias com feridos graves, a prioridade de recepção por parte do Egito, não saíram rumo à fronteira em Rafah. Neste sábado (11), o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza afirmou que o Al-Shifa suspendeu a operação por falta de combustível. Como consequência, um recém-nascido morreu e outros 39 correm perigo.
Sem evacuação médica, pelo entendimento do Cairo, por ora não há saída de estrangeiros e pessoas com dupla cidadania de Gaza. Na véspera, dia em que o Egito enfim deu a autorização para os brasileiros saírem, ao combates se somou um episódio em que integrantes do grupo palestino Hamas tentaram fugir de Gaza como motoristas de ambulâncias.
O governo egípcio controla os portões de Rafah, mas a autorização é um processo complexo em que Israel tem poder de veto, dada a necessidade de coordenação e o risco de evasão de terroristas, assim como há consulta aos mediadores do arranjo de saída EUA e Qatar.
O Hamas, que governa Gaza desde 2007, foi responsável pelo mega-ataque do dia 7 de outubro contra o Estado judeu, que disparou o atual conflito. Tel Aviv está sob forte pressão, inclusive de seu principal aliado, os Estados Unidos, acerca da proporcionalidade da sua retaliação.
Até aqui, foram cerca de 11 mil mortos em Gaza, segundo dado do Hamas usualmente aceitos por entidades internacionais. Israel revisou para 1.200 o número de vítimas dos ataques há um mês, e cerca de 240 pessoas ainda estão sequestradas nas mãos dos terroristas.
Apesar disso, sua operação terrestre na região agora está focada em torno do Al-Shifa e de outros centros hospitalares que, segundo Tel Aviv, o Hamas usa para abrigar comandos militares e depósitos de armas. O grupo, cujo emprego de instalações civis como escudo é uma tática conhecida, nega.
Os brasileiros esperam para sair em uma casa próxima da fronteira --um dos integrantes do grupo, Hasan Rabee, voltou para Khan Yunis, a 10 km de Rafah. Ele, que tem a filha e a mulher autorizadas para sair, tem família lá.
Quando o grupo sair, ele será será atendido por equipe com médico, enfermeiro e psicólogo enviada pelo Brasil em um avião VC-2, a versão operada pela Força Aérea para a Presidência do Embraer-190. A aeronave está no Cairo e, quando os brasileiros saírem, fará a repatriação.
Saindo, o que segundo o chanceler Mauro Vieira é indefinido, eles deverão pegar um ônibus por cinco horas para o Cairo, onde a aeronave estava, ou farão uma viagem mais curta para a base de Al Arish, onde o VC-2 está autorizado para pousar. De um dos pontos, irão para Roma, Las Palmas, Recife e, enfim, Brasília.
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