BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Ao falar novamente sobre a guerra Israel-Hamas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda (13) que a resposta de Tel Aviv é "tão grave" quanto os ataques do grupo terrorista.
Lula voltou a chamar os ataques do Hamas no sul de Israel de atos de terrorismo, mas acrescentou que "a solução do Estado de Israel é tão grave quanto foi a do Hamas". "Porque eles [soldados israelenses] estão matando inocentes sem nenhum critério", seguiu o presidente. "Jogar bomba onde tem criança, onde tem hospital, a pretexto de que o terrorista está lá, [isso] não tem explicação. Primeiro vamos salvar crianças, mulheres, aí depois faz a briga com quem quiser fazer."
Lula discursava sobre as ações que lograram retirar brasileiros que estavam em Gaza neste fim de semana após dias de impasse. O petista disse que as tratativas foram difíceis e envolveram diferentes fatores, entre eles a "boa vontade de Israel".
"Dependia da boa vontade de Israel, dependia da quantidade de pessoas, que não sabíamos. Todo dia ligávamos de manhã e de tarde para o ministro de Israel, para o ministro do Egito, para o nosso embaixador, até que conseguimos trazer as pessoas", disse o presidente. Ele não especificou a quais ministros se referia, mas a negociação para a liberação dos brasileiros se dava principalmente com os chanceleres dos países envolvidos.
Em nota, o presidente da Confederação Israelita do Brasil, Claudio Lottenberg, afirmou que as falas de Lula equiparando as ações de Israel às do Hamas são "equivocadas e perigosas". "Israel vem fazendo esforços visíveis e comprovados para poupar civis palestinos, pedindo que eles se desloquem para áreas mais seguras, criando corredores humanitários, avisando a população da iminência de ataques" disse ele.
Lottenberg também afirmou que as falas do petista "estimulam entre seus muitos seguidores uma visão distorcida e radicalizada do conflito, no momento em que órgãos de segurança do governo brasileiro atuam com competência para prender rede terrorista que planejava atentados contra judeus no Brasil".
Ele se refere à operação da Polícia Federal que desde a última semana prendeu três homens suspeitos de atuar para o grupo Hezbollah no recrutamento de brasileiros para atos preparatórios de terrorismo.
Atentados do grupo terrorista no dia 7 de outubro, no sul de Israel, deixaram 1.200 mortos e desencadearam uma das maiores campanhas aéreas do Estado judeu na Faixa de Gaza, um dos territórios mais densamente povoados do mundo. Até agora, dois terços da população ficaram desabrigados, e 11 mil pessoas foram mortas ?cerca de 40% delas crianças, segundo autoridades locais.
As afirmações de Lula foram feitas durante cerimônia no Palácio do Planalto para a sanção da lei que atualiza o sistema de cotas. Também participaram os ministros Camilo Santana (Educação), Anielle Franco (Igualdade Racial), Silvio Almeida (Direitos Humanos e Cidadania), Sonia Guajajara (Povos Indígenas) e Márcio Macêdo (Secretaria Geral da Presidência).
Lula disse que esta segunda-feira é um "dia feliz", por causa da chegada do grupo de Gaza a Brasília, e afirmou que nenhum brasileiro vai ficar para trás se quiser retornar. Ele deve receber os resgatados na Base Aérea de Brasília no fim da noite.
A aeronave decolou do aeroporto internacional do Cairo, no Egito, rumo ao Brasil, às 6h52, no horário de Brasília, e fará três escalas para reabastecimento em Roma (Itália), Las Palmas (Espanha) e na base aérea do Recife. A chegada a Brasília está prevista para 23h30.
O grupo é composto por 22 brasileiros, 7 palestinos que têm RNM (Registro Nacional Migratório) e 3 palestinos que são familiares próximos dos demais integrantes. Desses, 17 são crianças, 9 são mulheres e 6 são homens.
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