BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (14) que não pretende influenciar a eleição presidencial da Argentina, cujo segundo turno será realizado no próximo domingo (19). No entanto, disse ser preciso um presidente argentino "que goste de democracia, que respeite as instituições e que goste do Mercosul".

Lula realizou nesta terça a sua tradicional transmissão ao vivo na internet, o Conversa com o Presidente. Ao final do programa, ele foi perguntado pelo apresentador, Marcos Uchôa, sobre o segundo turno das eleições.

O presidente respondeu inicialmente que não gostaria de interferir no processo eleitoral do país vizinho. No entanto, acrescentou várias ponderações que soaram como críticas ao candidato ultraliberal Javier Milei, que por sua vez vem fazendo diversas críticas ao Brasil e ao próprio Lula.

Milei chegou a dizer que não negociaria com Lula, porque ele é um "comunista" e um "grande corrupto".

"Argentina e Brasil, nós precisamos um do outro, precisamos estar junto, sem divergência. Quando a gente tiver divergência, senta em uma mesa e negocia e acaba com a divergência, foi assim que eu convivi com a Argentina até agora", afirmou Lula, durante a transmissão.

O presidente brasileiro então acrescentou que Brasil e Argentina são interdependentes, com um país sendo responsável pela geração de emprego no vizinho. E disse que ambos os países podem crescer juntos, mas fez uma ressalva que soou como um recado contra Milei.

"Para isso é preciso ter um presidente que goste de democracia, que respeita as instituições, que gosta do Mercosul, que gosta da América do Sul, e que pense na criação de um bloco importante", afirmou.

O presidente, então, acrescentou que o mundo está dividido em blocos e que é preciso fortalecer a união na América do Sul, por meio do Mercosul, para negociar acordos com as grandes potências e grandes blocos.

"Agora, para isso, temos que estar juntos. Se a gente briga a gente não vai a lugar nenhum", disse Lula.

"Só queria pedir para o povo argentino, na hora de votar, pense na Argentina, é soberano o voto de vocês. Mas pense um pouco no tipo de América do Sul que você quer criar, de América Latina que você quer criar e de Mercosul que você quer criar. Juntos seremos fortes, separados somos fracos", completou.


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