BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Menos de 24 horas após desembarcar no Brasil, Hasan Rabee, 30, um dos 32 repatriados da Faixa de Gaza, diz que quer retomar a vida que tinha antes de viajar para visitar familiares e ir a um casamento, 15 dias antes de Israel começar a bombardear o território palestino em resposta a ataques do Hamas.
Rabee faz parte do grupo que vai retornar para São Paulo, onde vive desde 2014 e pretende reencontrar a família de sua esposa, depois da saga que se tornou a tentativa de voltar ao Brasil.
"[Quero retomar] minha vida normal. O trabalho, dia a dia, sábado e domingo para passar com as crianças. Na verdade, as crianças querem muito ir para o shopping, temos que fazer essa tarefa quando chegar. Eles sempre vão nos brinquedos do shopping", disse Rabee à Folha.
Durante a entrevista, ele assistia a um vídeo em que um de seus filhos aparece jogando futebol com outras crianças das 17 que estão no grupo repatriado. Rabee contou ainda qual foi a primeira cena com algum grau de alívio que vivenciou quando chegou ao Egito, após sair de Gaza, mas ainda aguardando para embarcar ao Brasil.
"Estávamos almoçando em um restaurante, e as crianças correndo na praia. Para mim, foi emocionante." Agora ele diz estar se sentindo seguro no Brasil -"um país sem conflitos"-, mas apreensivo pelos amigos e familiares que permaneceram em Gaza, muitos sem acesso à internet.
"A gente foi para Gaza visitar familiares, assistir a um noivado que estava marcado e que acabou nem acontecendo", disse. "Não é comparável com nenhum momento da história da Palestina. Foi um terror, diariamente."
Rabee deve embarcar em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB) que parte de Brasília na manhã desta quarta-feira (14) com outras 25 pessoas vindas de Gaza, rumo a Guarulhos.
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