TAIPÉ, TAIWAN (FOLHAPRESS) - As duas principais forças de oposição em Taiwan, KMT (Kuomintang ou Partido Nacionalista da China) e TPP (Partido do Povo de Taiwan), concordaram em apresentar uma chapa única nas eleições presidenciais marcadas para 13 de janeiro.
Até então em campanha, os candidatos Hou Yu-ih e Ko Wen-je saíram de uma reunião, comandada nesta quarta (15) pelo ex-presidente taiwanês Ma Ying-jeou, prometendo anunciar no sábado o escolhido para enfrentar o nome do governo, após análise de pesquisas. Também ficou acertada uma divisão prévia do poder, caso vençam.
O atual vice-presidente Lai Ching-te, do PDD (Partido Democrático Progressista), vem liderando os levantamentos de intenção de voto. Sua campanha divulgou nota criticando o acordo da oposição por prever como seria distribuído o governo, mas não uma plataforma ou visão para Taiwan.
Segundo o cientista político Yan Zhensheng, da Universidade Nacional de Taiwan, com uma chapa unificada de Hou e Ko, "a chance de derrotarem o PDD seria superior a 75%". Outro professor da instituição, Wang Yeh-lih, agora também vê favoritismo para a oposição, mas fala em chance superior a 50%.
O que mais diferencia o governo e a oposição é que esta defende retomar negociações com Pequim, para evitar risco de conflito. Lai, com histórico de declarações em favor da independência da ilha, atenuou a postura na campanha, dizendo agora buscar a manutenção do status quo na região.
O acordo dos principais partidos oposicionistas saiu no mesmo dia em que está prevista a cúpula dos líderes de EUA e China, Joe Biden e Xi Jinping, em San Francisco, na Califórnia, na qual Taiwan e a eleição devem figurar entre os temas centrais de discussão.
A China classifica a ilha como uma província rebelde e defende a reunificação, militarmente, se necessário. Os EUA defendem "uma só China", mas são aliados do governo taiwanês, ao qual vêm fornecendo armas para uma possível guerra, com promessas de também intervir, se necessário.
Em entrevista coletiva após a reunião em Taipé, Hou afirmou que as duas forças oposicionistas vão "trabalhar juntas não importa quem saia vencedor", enquanto Ko apontou o "momento histórico" do acordo, lembrando que "nunca antes na história de Taiwan houve uma coalizão de governo".
Ma, que foi presidente entre 2008 e 2016 pelo KMT, também descreveu a cooperação como "histórica", prevendo que se repita em outras votações. Na semana passada, ele se voltou contra seu próprio partido ao insistir publicamente no acordo com o TPP, diante da proximidade do limite para inscrição de candidatos, na semana que vem.
Durante a negociação de mais de duas horas na fundação de Ma, nesta quarta, ficou acertado que três especialistas em pesquisas ?indicados por Hou, Ko e Ma? avaliarão os levantamentos realizados entre os dias 7 e 17 de novembro, tanto públicos como aqueles feitos internamente por KMT e TPP, para chegar ao candidato.
Há uma semana, um agregado de pesquisas realizado pelo site Taiwan News, considerado próximo do governo, apontou Lai com 32,5% das intenções de voto, Hou com 23,9% e Ko com 22%. Um quarto candidato, Terry Gou, aparece com 7,5%.
Fundador da empresa de tecnologia Foxconn e antes ligado ao KMT, Gou se lançou para presidente há dois meses e meio, como independente, se dizendo frustrado pela resistência de Hou e Ko em negociar com ele uma candidatura única de oposição.
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