PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O presidente da França, Emmanuel Macron, vem sendo alvo de críticas por ter participado de uma cerimônia que envolveu um rito do Hanukkah, feriado judaico, no Palácio do Eliseu na quinta-feira (7). Na ocasião, a sede do governo abrigou a Conferência dos Rabinos Europeus ?a organização homenageou Macron com o prêmio Lord Jakovits por sua "luta contra o antissemitismo".
A certa altura, o rabino-chefe da França, Haïm Korsia, acendeu a primeira vela do Chanukiá, um candelabro de nove braços, marcando o início do feriado. Um vídeo do momento viralizou nas redes sociais, provocando reações negativas não só de forças da oposição como também de deputados governistas e de membros da comunidade judaica do país.
Integrante da coalizão de Macron no Congresso, o deputado Pierre Henriet disse que o ato "rompeu com a neutralidade do Estado". Manuel Bompard, do partido de esquerda radical França Insubmissa, escreveu no X que o ato foi um "erro político". A palavra também foi usada por Yonathan Arfi, presidente do Conselho Judaico na França. "Não cabe ao Eliseu acender uma vela de Hanukkah porque o DNA republicano determina um afastamento de tudo que é religioso", disse ele a rádio Sud.
Estabelecida por lei em 1905, a laicidade do Estado é um grande pilar da cultura francesa, a ponto de funcionários do governo serem impedidos de usar símbolos religiosos em prédios e instituições de ensino públicos. De acordo com a legislação, todos os cidadãos do país são livres para exercer a fé que desejarem, mas esta não deve desempenhar nenhum papel na administração estatal.
Macron rejeitou os comentários ao falar com jornalistas durante uma visita às obras da catedral de Notre-Dame nesta sexta, afirmando não ter participado diretamente da celebração. Ainda declarou que "o laicismo não é eliminar as religiões", e sim "pedir que os cidadãos respeitem as leis independentemente de suas crenças".
A primeira-ministra, Élisabeth Borne, também saiu em defesa do presidente, alegando que a celebração do Hanukkah no Eliseu era um "sinal de apoio" aos judeus franceses diante do crescimento do antissemitismo desde o início da guerra Israel-Hamas. Segundo o Ministério do Interior francês, desde o começo do conflito houve ao menos 1.500 casos de antissemitismo no país. A França abriga a maior comunidade judaica da Europa.
Detratores de Macron questionaram, no entanto, o argumento, uma vez que o líder recusou um convite para participar de uma marcha contra o antissemitismo em 12 de novembro. Na época, sua justificativa foi de que precisava manter a unidade do país.
O presidente já tinha se envolvido em outra controvérsia religiosa este ano, ao comparecer à missa do papa Francisco durante a visita do pontífice à França, em setembro.
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