BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Jair Bolsonaro se encontrou com Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria de ultradireita, na manhã deste sábado (9), e continuou sua intensa agenda em Buenos Aires junto à comitiva de parlamentares brasileiros que viajou à Argentina para a posse de Javier Milei neste domingo (10).

Bolsonaro, que deve ter tratamento de chefe de Estado na cerimônia, tem usado a visita para tentar demonstrar força e engajar a militância de direita, já que é seu primeiro grande evento político desde que deixou o Palácio do Planalto após uma série de derrotas judiciais, e aproveitando que o presidente Lula decidiu não ir.

Um vídeo publicado nas suas redes sociais mostra ele apresentando o premiê à comitiva de cerca de 20 políticos. "Estamos longe, Brasil e Hungria, mas gostamos de futebol e de política", falou Orbán em tom descontraído ao grupo que os esperava do lado de fora.

Orbán foi eleito para seu quinto mandato, o quarto consecutivo, em abril de 2022, o que o fará acumular 16 anos como chefe de governo, um dos mais longevos de toda a Europa. O populista de ultradireita tem divergências com a União Europeia por seu projeto de "democracia iliberal", com medidas anti-imigração, anti-LGBTQIA+ e contra a liberdade de imprensa, além da proximidade com o russo Vladimir Putin.

Entre os que participaram do encontro estão os filhos de Bolsonaro, o senador Flávio (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo (PL-SP); o ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten; e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Ao ser questionado sobre reuniões bilaterais nesta quinta, Bolsonaro respondeu: "Não sei. Apesar de eu não ser presidente, alguns querem marcar bilaterais comigo".

Bolsonaro chegou a Buenos Aires na noite desta quinta (7). No dia seguinte, se encontrou com Javier Milei e com sua ex-rival Patricia Bullrich por cerca de uma hora e meia num hotel no centro da cidade, onde o presidente eleito argentino está hospedado desde a campanha eleitoral.

Antes e depois da reunião, fez uma longa caminhada pela famosa rua Florida, surpreendendo os jornalistas argentinos e cumprimentando apoiadores. Ele afirmou que "foi uma conversa entre amigos", elogiou a nova equipe do ultraliberal e disse que ele assumirá um país em situação econômica mais crítica que o Brasil.

"A equipe dele [Milei] está sendo formada muito parecido como nós formamos a nossa no Brasil, e não dá nem para comparar com a equipe do turista que é o Lula", declarou. Ele alfinetou o petista diversas vezes, repetindo que "vai convidá-lo para ser seu ministro de Turismo", em referência à frequência de suas viagens internacionais.

Lula vai enviar o Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores, como representante do governo brasileiro na posse. A avaliação foi de que o presidente poderia se expor, considerando o clima hostil. Questionada, a pasta não informou qual será a agenda do chanceler até o momento.

Também nesta quinta, Bolsonaro se reuniu com o ex-presidente argentino Mauricio Macri em outro hotel onde está hospedado. O direitista saiu derrotado nas urnas com sua coalizão Juntos pela Mudança, mas agora tem tido protagonismo na formação do governo de Milei, já que pode garantir sua governabilidade entre congressistas e governadores.

Pela manhã, o ex-presidente foi entrevistado pela rádio Mitre, do grupo Clarín. Ele alfinetou bancos e sindicatos brasileiros, voltou a criticar as urnas eletrônicas brasileiras e fez um raro elogio ao ditador venezuelano Nicolás Maduro pelos votos impressos no plebiscito sobre a anexação de Essequibo, parte do território da Guiana.

Pela noite, também deu outra entrevista ao canal televisivo LN+, ligado ao jornal La Nación, onde repetiu que a vitória de Milei contra o peronista Sergio Massa tem forte simbolismo uma vez que o mundo está "muito dividido" entre a esquerda e a direita. E líderes de esquerda, emenda, querem o "poder absoluto" para "roubar a liberdade".

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