SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O número de mortos em decorrência do terremoto ocorrido no Ano-Novo no Japão chegou a 126, e as buscas pelos mais de 200 desaparecidos continuam apesar dos obstáculos às equipes de resgate e o tempo passado desde o sismo.
A previsão de neve para o fim de semana na região da província de Ishikawa, epicentro do tremor na costa oeste do país insular, e as estradas destruídas dificultam o trabalho dos bombeiros. A previsão de autoridades é de que o balanço de óbitos continue a aumentar.
Duas idosas foram resgatadas com vida entre os escombros de suas casas na quinta-feira (4), mas desde então as equipes não tiveram novos sucessos.
Fortes tremores subsequentes têm abalado a região desde o sismo de segunda-feira (1º), que causou deslizamentos de terra, ao menos um grande incêndio e um tsunami com ondas de mais de um metro de altura.
"Estou plenamente consciente da extensão dos danos causados", disse o primeiro-ministro Fumio Kishida diante da atualização do número de mortos. "Rezamos sinceramente pelo descanso das almas dos que morreram", afirmou.
O balanço é o mais alto desde um total de 276 mortos em terremotos em 2016, na região sudoeste de Kumamoto.
Kishida pediu aos funcionários do governo que acelerem os esforços de emergência para restaurar as estradas principais destruídas pelo terremoto, com o objetivo de facilitar os trabalhos dos socorristas.
Na cidade de Suzu, as casas onde os mortos são encontrados são marcadas e os socorristas aguardam a chegada de um legista que possa identificar o corpo junto aos familiares.
No porto da cidade, barcos de pesca estão espalhados pela costa após o tsunami provocado pelo terremoto, e ao menos uma pessoa pode ter sido arrastada ao mar.
"Eu estava relaxando no Ano-Novo quando o tremor começou. Meus parentes estavam todos lá e estávamos nos divertindo", contou à AFP Hiroyuki Hamatani, 53, em meio a veículos incendiados e postes caídos. "A casa ainda está de pé, mas não é habitável. Não tenho espaço na minha mente para pensar no futuro."
Cerca de 24 mil moradias estão sem eletricidade na província de Ishikawa e mais de 66 mil, sem água potável. Os cortes de água e luz também afetaram hospitais e instalações de assistência para idosos e pessoas com deficiência.
Mais de 31 mil pessoas estão alojadas em 357 abrigos, e muitas comunidades ainda estão isoladas.
"Estamos fazendo o nosso melhor para realizar resgates nas cidades isoladas. No entanto, a realidade é que o isolamento não foi resolvido na medida em que gostaríamos", admitiu o governador regional, Hiroshi Hase, nesta sexta-feira (5).
Mochizuki, 73, ficou em uma longa fila do lado de fora de um supermercado na cidade de Wajima, depois que ele reabriu na quinta-feira, à espera para comprar itens básicos.
"É uma grande ajuda que eles tenham conseguido reabrir", afirmou à Reuters depois de comprar uma caixa de adesivos térmicos, lonas de plástico azul para cobrir janelas quebradas e um par de sapatos para se proteger contra cacos de vidro que estão espalhados pelo chão de sua casa. "Mas ainda não vejo o caminho para a reconstrução."
Enquanto os deslocados têm lotado os abrigos de Wajima em busca de comida, água e outros itens básicos, alguns moradores optam por dormir em seus carros.
O terremoto destruiu a casa de madeira de Yutaka Obayashi, 75, e sua esposa Akiko, 73. Mas depois de passarem uma noite em um local improvisado em um centro comunitário, eles decidiram voltar para casa e dormir em seu pequeno veículo.
"Os olhares das pessoas me deixam muito nervoso", disse Obayashi à Reuters, enquanto sua esposa descansava em um assento reclinável no carro. "Eu não gosto de viver com muitas pessoas ao meu redor."
Situado no chamado "cinturão de fogo" do Pacífico, o Japão é um dos países do mundo onde os terremotos são mais frequentes. As normas de construção locais são rígidas, os edifícios costumam resistir a fortes tremores, e a população está habituada a situações do tipo. Muitas construções, porém, principalmente as casas de madeira, não resistiram ao sismo do Ano-Novo.
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