SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo do Equador anunciou na noite deste sábado (14) que todos os guardas e funcionários carcerários que havia quase uma semana eram feitos reféns em penitenciárias do país foram liberados.

A notícia se desenha como um primeiro avanço da gestão do presidente Daniel Noboa em meio à atual e grave crise de segurança.

Havia dúvidas sobre o número de reféns, mas autoridades disseram inicialmente que foram mais de 133 pessoas liberadas de sete centros de detenção. Os funcionários, que iam de cozinheiros a guardas, receberam atendimento médico e se reuniram com suas famílias.

No X, Noboa agradeceu ao trabalho conjunto da polícia civil e das Forças Armadas no que descreveu como uma tarefa "patriótica, profissional e valente" para libertar os reféns. Novamente sob um estado de exceção, o país andino vive atualmente sob a presença ampliada de militares nas vias urbanas e nas penitenciárias.

Em comunicado, o SNAI, serviço nacional de prisões equatoriano, afirmou que serão iniciadas investigações para determinar as causas e os responsáveis das ações que afetaram as prisões no país.

Também foi divulgada a morte de mais um guarda durante confrontos com presos neste sábado em El Oro, no sudoeste do país, próximo à fronteira com o Peru, região que atualmente também está sob estado de emergência por 60 dias após decreto da líder peruana, Dina Boluarte. Isso eleva o número de mortos da atual crise para ao menos 19, entre civis, guardas penitenciários, policiais e presos.

Nas redes sociais, todos os órgãos envolvidos no aplacar da crise de segurança têm compartilhado com frequência imagens e vídeos das operações. Ao longo deste sábado, por exemplo, era possível assistir a familiares dos reféns emocionados ao esperar por eles do lado de fora dos complexos penitenciários, mas também cenas de militares armados ao lado de dezenas de presos no pátio de prisões.

Algumas imagens têm feito crescer a preocupação de organizações de direitos humanos, que afirmam que a condução do combate à atual crise não pode nem deve ser permeada de violações aos direitos civis, mesmo das pessoas encarceradas e condenadas.

Algumas das cenas se assemelham àquelas divulgadas com frequência pelos órgãos de segurança do governo de Nayib Bukele em El Salvador. O populista alega conduzir uma guerra contra as gangues que, frente à criminalidade galopante em alguns países das Américas (como o Equador), ganha popularidade, mesmo sendo amplamente criticada pelas mesmas organizações de direitos humanos.

Autoridades dizem que, em uma semana de conflito, prenderam 1.105 pessoas, mataram oito homens que descrevem como terroristas (Noboa classificou as gangues ligadas ao narcotráfico como tal), tiveram dois policiais mortos e resgataram 27 detentos fugitivos.

Os agentes de segurança libertados falaram pouco, mas em comum transmitiram mensagens de alívio após seis dias como reféns. "Graças a Deus que saímos todos bem", disse um funcionário que mostrava a bandeira do Equador em frente a uma prisão na província de Cotopaxi, no sul, segundo relato da agência de notícias AFP.

Os grupos criminosos têm forte presença nas prisões do Equador, que vive uma de suas maiores crises na segurança pública. O epicentro do agravamento da crise é a cidade portuária de Guayaquil, palco do narcotráfico. O local subiu o estado de alerta após a fuga de ao menos seis detentos da prisão na noite da última sexta-feira (12).

Foi na Penitenciária Regional do município portuário que no último dia 7 fugiu Fito, líder dos Choneros, facção que domina o complexo prisional. Condenado a 34 anos de prisão por tráfico de drogas e assassinato, ele estava detido desde 2011 e fugiu durante uma operação que buscava transferi-lo para uma cadeia de segurança máxima.

Ele ainda não foi encontrado, mas as pistas iniciais mostram que pode estar na vizinha Colômbia, país também assolado pelo narcotráfico.


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