CAMPINAS, SP (FOLHAPRESS) - O sociólogo e ex-diplomata Bernardo Arévalo, 65, de centro-esquerda, enfim tomou posse como presidente da Guatemala, na madrugada desta segunda-feira (15), após várias horas de tensão e temores de ruptura democrática. Ele deu início ao mandato cinco meses depois de ser eleito.
Arévalo e sua vice derrotaram, em agosto passado, a ex-primeira-dama Sandra Torres, que era considerada favorita. Desde então, o país na América Central viveu submerso em incertezas políticas, que colocaram em xeque a cerimônia de posse marcada para este domingo (14).
Sociólogo e ex-diplomata, o agora presidente, de 65 anos, foi empossado somente durante a madrugada, cerca de 9 horas além do horário previsto - às 16h. O atraso se deu em razão de disputas políticas no Congresso guatemalteco e gerou tensão entre os participantes da cerimônia, entre os quais, estavam os presidentes Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia), além do rei da Espanha, Felipe 6º, e do chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell.
O Brasil foi representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin e o diplomata brasileiro Benoni Belli, escolhido pelo governo Lula (PT) para representar o Brasil na OEA (Organização dos Estados Americanos), que enviou uma pequena delegação à posse, também em uma mensagem de apoio ao rito democrático.
Em seu primeiro discurso como presidente, Arévalo prometeu que não se promoverá agendas políticas "por meio da violência e não se permitirá que as instituições funcionem com corrupção". A Guatemala ocupa o 30º lugar entre 180 países no ranking de corrupção da Transparência Internacional e tem 60% de seus 17,8 milhões de habitantes vivendo na pobreza, um dos índices mais altos da América Latina.
A situação leva um número cada vez maior de guatemaltecos a deixarem o país, e o destino de muitos são os Estados Unidos. Desde 2020, eles foram a segunda nacionalidade a mais tentar cruzar a fronteira sul do país, com o México, correspondendo a 12% dos migrantes ali encontrados pela Patrulha da Fronteira americana. Somente no último ano fiscal (de outubro de 2022 a setembro de 2023), foram mais de 213 mil cidadãos da Guatemala.
Vítima de perseguição jurídica que tentou cassar sua eleição nos últimos meses, Arévalo não terá missão fácil à frente da presidência da Guatemala. Isso porque, apesar de sua vitória representativa com 58% dos votos, seu partido conseguiu apenas 23 das 160 cadeiras do Legislativo unicameral.
O partido conservador Vamos, de Giammattei, e o UNE, da ex-primeira-dama Sandra Torres, podem assim barganhar juntos vitórias e atrapalhar os planos do governo.
Arévalo fica à frente do país até 2028, quando um novo pleito deve ser realizado.
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