SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de registrar seu pior dia em termos de baixas militares desde o começo da guerra contra o Hamas, as forças militares de Israel voltaram a apertar o cerco em torno de Khan Yunis, a maior cidade no sul da Faixa de Gaza e atual epicentro dos combates, nesta quarta-feira (24).
Os moradores relataram incursões com helicópteros e centenas de disparos. Segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, pelo menos 125 corpos foram levados aos hospitais da cidade durante a noite ?alguns líderes da facção disseram que mais de 200 pessoas morreram na ofensiva.
Israel diz ter mirado alvos do Hamas nos arredores de Khan Yunis, onde terroristas agora estariam escondidos depois dos confrontos no norte da Faixa. De acordo com a ONU, o Exército israelense ainda ordenou a retirada de moradores em várias partes da cidade, superlotada desde que passou a abrigar deslocados da guerra.
O Hamas acusou Israel de tentar transferir "mais uma vez à força" dezenas de milhares de pessoas de Khan Yunis para Rafah, cidade localizada mais ao sul e que faz fronteira com o Egito. Na prática, segundo a organização, a população palestina está cada vez mais encurralada.
Mesmo Rafah tem sido alvo de ataques e, nesta quarta, homens e mulheres prestaram homenagem a vítimas de bombardeios atribuídos a Israel na região. Como forma de protesto, corpos foram colocados diretamente no chão em frente a um necrotério da cidade.
Além dos helicópteros, os militares israelenses usaram dezenas de tanques na operação, descrita pela agência de notícias Reuters como a maior em um mês. O alvo principal, segundo testemunhas, parecia ser a área em torno de um antigo campo de refugiados que inclui hospitais e também um centro de treinamento administrado pela UNRWA, a agência da ONU para palestinos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) lamentou o que descreveu como situação "catastrófica e indescritível" nos hospitais de Khan Yunis, enquanto o Crescente Vermelho, equivalente à Cruz Vermelha para o mundo islâmico, relatou ataques intensos ao redor do hospital Al-Amal, localizado em uma das áreas que Israel ordenou que fossem esvaziadas.
Um disparo feito por um tanque atingiu o centro da ONU, que abrigava milhares de pessoas. O ataque deixou nove pessoas mortas e outras 75 feridas, de acordo com um funcionário da organização.
O Departamento de Estado dos EUA condenou o episódio em comunicado, dizendo que trabalhadores de organizações humanitárias precisam de proteção para continuar fornecendo assistência.
Tel Aviv, que a princípio havia admitido que alguns dos combates que vem travando ocorrem em locais próximos de áreas lotadas de civis, emitiu uma nova nota após o comentário de Washington. Nela, afirmava que uma investigação interna determinou que suas forças não foram responsáveis pelo disparo contra o hospital, e insinuou que a autoria do ataque era do próprio Hamas.
As ofensivas acontecem após Israel registrar 24 militares mortos em 24 horas no território palestino. Foi o pior dia em termos de baixas militares para Tel Aviv na guerra, iniciada em outubro. As mortes aconteceram em duas ações: 21 dos militares estavam em um prédio que foi atingido por um foguete. Outros três morreram em uma operação paralela.
No total, 221 militares de Israel foram mortos em Gaza desde o começo dos enfrentamentos. Do lado palestino, mais de 25,7 mil pessoas já morreram no conflito segundo o Ministério da Saúde local, que não distingue combatentes e civis. As ações de Tel Aviv foram desencadeadas pelos atentados perpetrados pelo Hamas em 7 de outubro, quando cerca de 1.200 pessoas foram assassinadas em território israelense.
As perdas recentes aumentam a pressão sobre o governo do Binyamin Netanyahu para achar uma saída para o conflito. Reportagens sobre as dificuldades militares de Israel e negociações para um cessar-fogo se multiplicam, apesar das negativas do premiê.
Mais de 200 pessoas compareceram ao funeral de um dos soldados israelenses mortos em Gaza. Hadar Kapeluk foi enterrado em Jerusalém, num caixão coberto pela bandeira de Israel.
Segundo a Reuters, Israel e o Hamas haviam feito progressos para o estabelecimento de um cessar-fogo de 30 dias, durante o qual reféns israelenses e prisioneiros palestinos seriam libertados e mais ajuda entraria em Gaza. A agência, contudo, ponderou que essa perspectiva parecia distante nesta quarta, após as ofensivas mútuas.
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