WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - Joe Biden tem mais dinheiro do que Donald Trump. Em dezembro, o comitê oficial de campanha do democrata tinha cerca de US$ 46 milhões (R$ 226 milhões), 40% a mais do que o do republicano, com US$ 33 milhões (R$ 162 milhões) em caixa.

Incluindo na conta outros comitês com recursos que podem ajudar os candidatos, como o dos partidos, o presidente tem US$ 117 milhões disponíveis, e o empresário, cerca de US$ 70 milhões, de acordo com documentos apresentados pelas campanhas à Comissão Eleitoral Federal (FEC, na sigla em inglês) na quarta-feira (31).

Pesam no bolso de Trump duas despesas a mais: a campanha nas primárias do Partido Republicano e a defesa, sua e de aliados, nos processos civis e criminais em tramitação na Justiça.

De acordo com a FEC, o empresário gastou por volta de US$ 50 milhões com despesas jurídicas no ano passado. A maior parte (US$ 47 milhões) veio do Save America, um dos comitês de ação política (os chamados PACs). Este foi criado por Trump logo após a derrota nas eleições de 2020 para apoiar suas acusações infundadas de que houve fraude a favor de Biden.

O montante equivale a quase um quarto do total gasto por todos os comitês vinculados à sua campanha no ano passado, cerca de US$ 210 milhões.

Usar esse dinheiro arrecadado para bancar despesas legais não é crime na legislação americana porque o Save America é um tipo específico de comitê, chamado de "PAC de liderança", não um comitê oficial de campanha -que não pode fazer pagamentos que beneficiem pessoalmente um candidato.

Por isso, Trump tem direcionado boa parte do que arrecada para o Save America. Se, inicialmente, de cada US$ 1 recebido, US$ 0,99 iam para a campanha e US$ 0,01 para o PAC de liderança, ao longo do ano passado US$ 0,10 passaram a ser direcionados para o PAC.

Além dos custos com os processos na Justiça, a campanha do republicano também lida com uma primária contestada, uma preocupação que Biden praticamente não tem. Não à toa, um dos argumentos usados pelo empresário para pressionar sua oponente, Nikki Haley, a desistir, é que os recursos gastos por ele para concorrer pela nomeação com ela estariam sendo melhor gastos no embate com o democrata.

A ex-embaixadora dos EUA na ONU, por sua vez, tinha menos da metade do montante de Trump em caixa em dezembro, cerca de US$ 14 milhões -boa parte arrecadado no último trimestre do ano, quando ela recebeu o apoio de doadores importantes, como os bilionários Jan Koum (fundador do WhatsApp), Paul Singer (gestor de fundos) e Ken Griffin (CEO da Citadel).

Os dados enviados à FEC mostram também o derretimento da campanha de Ron DeSantis. Inicialmente visto como a principal alternativa a Trump na corrida republicana, o principal PAC de sua campanha, chamado Never Back Down (nunca recue), conseguiu levantar US$ 130 milhões no primeiro semestre, mas apenas US$ 14 milhões no segundo.

Enquanto o ritmo das doações minguava, a campanha continuou gastando dinheiro -principalmente com comunicação direta com eleitores, consultorias e viagens do governador da Flórida-, o que fez com que terminasse o ano com US$ 14 milhões em caixa, o mesmo que Haley.

Uma análise do site Politico chegou à conclusão que DeSantis acabou gastando US$ 6.700 por voto recebido em Iowa. O mau gerenciamento dos recursos de campanha é uma da explicações para seu fracasso.

Do lado de Biden, os dados fornecidos nesta quarta também mostram que a prioridade da campanha, por enquanto, são anúncios na TV e na internet, que somaram cerca de US$ 16 milhões no último trimestre do ano. Do lado da arrecadação, o democrata tem entre seus maiores doadores o cineasta Steven Spielberg, o bilionário George Soros e a produtora de TV Shonda Rhimes.


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