SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro de Direitos Humanos, Silvio Almeida, saiu em defesa de Lula após declaração que abriu uma crise diplomática entre Brasil e Israel, na qual o presidente brasileiro comparou as ações israelenses na Faixa de Gaza ao Holocausto nazista.

"Nada, absolutamente nada é mais importante do que interromper a escalada de violência e o ciclo de mortes que têm destroçado a vida, em especial, de pessoas inocentes, mulheres e crianças", escreveu Almeida em suas redes sociais.

O ministro afirmou que o governo brasileiro, desde o primeiro momento, condenou os ataques do Hamas, descrevendo os atos como terroristas, e pediu a libertação incondicional dos reféns. Também destacou que, no exercício da presidência do Conselho de Segurança da ONU, o Brasil colocou em votação a proposta de cessar-fogo imediato, vetada pelos EUA ?um dos cinco membros permanentes do colegiado e, portanto, com poder de veto.

Almeida citou os milhares de crianças mortas e famílias desabrigadas em Gaza, vivendo em condições desumanas e sendo forçadamente deslocadas. "São pessoas sem acesso à saúde, à energia elétrica e à água potável e que, mesmo antes da guerra, já viviam há décadas sob a lógica do estado de sítio e do estado de exceção permanentes, característica do que se denominou de necropolítica", escreveu o ministro, em referência ao conceito do filósofo e historiador camaronês Achille Mbembe.

A postagem de Almeida, que acompanhou Lula em viagem à África ?"continente onde as técnicas de vários genocídios passados e atuais foram testadas sobre as populações negras", segundo o ministro? sugere que a repercussão da fala de Lula tem sido maior do que os próprios fatos para os quais ele quis chamar a atenção.

Almeida observou ainda que Lula reiterou em seu discurso na Cúpula da União Africana "o seu veemente repúdio aos atos terroristas do Hamas e ao morticínio promovido pelas incursões militares do governo de Israel".

"É importante que se frise o seguinte: é o governo extremista de Israel quem promove o massacre, não a comunidade judaica, como os oportunistas e semeadores do ódio de dentro e de fora do Brasil tentam fazer parecer", escreveu, reiterando que Lula "em nenhum momento" se manifestou contra o povo de Israel ou contra a comunidade judaica.

O titular da pasta de Direitos Humanos afirmou que Lula usou "sua autoridade para que toda a comunidade internacional olhe pelo povo palestino no exato momento em que o governo israelense ameaça invadir a cidade de Rafah por terra, em prenúncio de uma tragédia sem precedentes para a Palestina e que certamente trará terríveis consequências para toda a humanidade".

Almeida anunciou que o Brasil vai reiterar suas posições pela solução pacífica de conflitos e pela reforma das instituições de governança global em sua participação, na próxima semana, da 55ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.


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