SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, publicou um vídeo nesta quarta-feira (21) em que aparece ao lado de uma brasileira vítima do ataque do Hamas no dia 7 de outubro do ano passado. Ela critica a fala do presidente Lula (PT), que comparou os ataques na Faixa de Gaza ao Holocausto.
Katz cita Lula na publicação no X e escreve que o presidente brasileiro deveria ouvi-la. "Israel fez de tudo para proteger os cidadãos de Gaza", diz Rafaela Triestman, 20, namorada do também brasileiro Ranani Glazer, 24, morto pelo Hamas no dia do ataque.
Rafaela afirma no vídeo que há "muito antissemitismo" no Brasil e também classifica a fala de Lula como antissemita. "É uma situação muito complicada saber que eu, brasileira, não posso voltar para o meu próprio país por conta da perseguição por ser judia e estar num país onde tem muito antissemitismo, onde a representação do país faz comentários antissemitas".
A brasileira também diz que o governo Lula não ofereceu ajuda para ela ou para outras vítimas do Hamas. "Sentimos que esqueceram da gente".
Ela rebateu a afirmação de que o que acontece em Gaza é um genocídio. "Aqui as pessoas convivem umas com as outras, não dá para chamar de genocídio. Genocídio seria se estivéssemos boicotando empresas palestinas, indo contra um povo, se a população estivesse diminuindo significativamente".
Rafaela e Ranani estavam no festival que foi atacado pelo Hamas no dia 7 de outubro do ano passado. Os dois conseguiram fugir com outras pessoas para um bunker, mas foram alcançados pelos terroristas.
A brasileira diz no vídeo que sobreviveu após se esconder entre corpos. "7 de outubro foi o maior trauma da minha vida, o dia mais escuro de toda a minha vida. Naquele local perdi Ranani, uma das pessoas que mais amava no planeta. Nunca vou esquecer nada do que aconteceu lá, do ódio que senti naquele dia".
CRISE COM ISRAEL
A publicação do vídeo é mais um capítulo da crise diplomática entre Brasil e Israel. O conflito público começou após o presidente Lula comparar, no domingo (18), a ação israelense na Faixa de Gaza com a atuação de Adolf Hitler contar judeus.
Lula deu a declaração após participar da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, na Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler decidiu matar os judeus".
O chanceler israelense, Israel Katz, disse na segunda-feira (19) que Lula não era mais bem-vindo em Israel até que retire a comparação. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu definiu os comentários como "vergonhosos e graves".
Já o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, classificou como "inaceitáveis e mentirosas" as declarações do chanceler israelense, Israel Katz.
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