BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse nesta quarta-feira (21) defender a criação do Estado palestino, em reunião com presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto. A chamada solução de dois estados também é compartilhada pelo Brasil historicamente.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já vem defendendo esse posicionamento, mas auxiliares palacianos celebraram o fato de ter sido reforçado na reunião com Lula, por destacar divergência com Israel e convergência com o Brasil. O encontro durou quase duas horas.

"O secretário agradeceu a atuação do Brasil pelo diálogo entre Venezuela e a Guiana. O presidente Lula reafirmou seu desejo pela paz e fim dos conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Ambos concordaram com a necessidade de criação de um Estado Palestino", diz nota divulgada pelo Planalto, após a reunião.

Ao final, o americano falou rapidamente com a imprensa no local.

"Foi ótima a reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Ótima reunião. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos. Estamos trabalhando juntos bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade", afirmou.

O encontro ocorre em meio a crescentes discordâncias entre os dois governos sobre temas-chave da geopolítica atual, entre eles a ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e a ofensiva diplomática do ditador venezuelano Nicolás Maduro contra a Guiana na disputa pelo Essequibo.

Segundo relatos, não foram abordadas divergências especificamente, como a declaração de Lula que levou a uma crise diplomática com Israel, de comparar a ofensiva militar na Faixa de Gaza ao holocausto.

Lula falou sobre o que considera desproporcionalidade na reação do governo de Binyamin Netanyahu, com mortes de mulheres e crianças na região, e Blinken lembrou das sanções do governo americano a colonos judeus, coordenadores e participantes de atos ou ameaças de violência contra civis, intimidação, destruição e tomada de propriedades e participação em atividades terroristas na Cisjordânia.

De acordo com o Planalto, Lula defendeu a necessidade de reformar organismos financeiros internacionais e o próprio Conselho de Segurança da ONU, "no que foi apoiado pelo seu interlocutor".

A guerra na Ucrânia também entrou em discussão. Lula destacou que só com a paz é possível mobilizar recursos para o desenvolvimento e a inclusão social. Já o americano disse que esperam "uma paz justa".

Além disso, discutiram sobre meio ambiente e transição energética, direitos de trabalhadores e ações internacionais de combate à fome.

Os Estados Unidos disseram que estudam fazer nova remessa de recursos ao Fundo Amazônia, o que depende do Congresso.

Ao deixar o encontro, o secretário de Estado dos Estados Unidos falou com a imprensa rapidamente no Planalto. Ele destacou parceria bilateral, regional e internacional dos dois países, e disse que a reunião foi ótima e que a parceria entre os dois países é muito importante.

"Foi ótima a reunião. Sou muito grato ao presidente pelo seu tempo. Ótima reunião. Os Estados Unidos e o Brasil estão fazendo coisas muito importantes juntos. Estamos trabalhando juntos bilateralmente, regionalmente, mundialmente. É uma parceria muito importante e somos gratos pela amizade", afirmou.

O secretário americano desembarcou em Brasília na noite desta terça-feira (20). Depois do encontro com Lula, segue para o Rio de Janeiro, onde tem compromisso com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores) e participa da reunião de chanceleres do G20.

A chegada de Blinken a Brasília ocorre no momento em que o governo Lula ainda lida com a repercussão das declarações do petista na Etiópia, no domingo (18). Na ocasião, Lula comparou a ofensiva militar israelense em Gaza ao Holocausto na Segunda Guerra Mundial.

"Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus", afirmou o líder brasileiro.

A fala desencadeou uma crise com o governo de Israel, que declarou Lula "persona non grata" no país. Como resposta, o Itamaraty convocou o embaixador do Brasil em Tel Aviv para consultas e avalia expulsar o embaixador israelense caso a tensão diplomática se agrave.


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