SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Na véspera do segundo aniversário da Guerra da Ucrânia, os Estados Unidos lançaram nesta sexta (23) um novo pacote com 500 sanções contra a Rússia, que por sua vez anunciou mais avanços contra posições de Kiev no leste do país invadido em 24 de fevereiro de 2022.

As sanções foram anunciadas pelo presidente Joe Biden e miram cem grupos econômicos associados a fornecimento para Moscou. Além disso, os EUA vão tentar reduzir ainda mais as receitas energéticas do país de Vladimir Putin, que se mantém flutuando apesar do regime draconiano de punições adotado pelo Ocidente e aliados.

Além da guerra, Biden disse que vai punir pessoas que Washington identificou como associadas à morte do opositor russo Alexei Navalni, ocorrida há uma semana numa cadeia no Ártico sob circunstâncias desconhecidas.

"As sanções garantirão que Putin pague um preço ainda mais alto por sua agressão no exterior e pela repressão interna", disse Biden. Na véspera, o americano havia se encontrado em San Francisco com a viúva de Navalni, Iulia, e sua filha Dacha, que estuda na região.

A eficácia de tais medidas é questionável. A Rússia sofreu 16.587 delas desde a guerra, sem contar as de hoje, segundo a consultoria Castellum.AI. Já tinha antes 2.695 punições impostas desde a anexação da Crimeia, em 2014, contra empresas, indivíduos, aviões e barcos.

Se é fato que elas obrigaram um cavalo de pau na economia russa, desplugando-a do sistema financeiro internacional e congelando R$ 1,5 trilhão em reservas no exterior, a adaptação ocorreu, novos mercados energéticos foram encontrados e o país cresceu 3,6% no ano passado.

Biden também voltou a pressionar a Câmara, dominada pela oposição que apoia seu rival Donald Trump no pleito de novembro, a aprovar um pacote de ajuda militar que inclui R$ 300 bilhões para os ucranianos. "Dois anos depois, o povo da Ucrânia continua lutando com tremenda coragem. Mas estão ficando sem munição", disse.

Em campo, Kiev tem culpado a falta de artilharia pelas derrotas que vem sofrendo no leste do país. No fim de semana passado, Putin ocupou a estratégica cidade de Avdiivka, ao lado da capital homônima da província de Donetsk (leste).

Nesta sexta (23), o Ministério da Defesa russo afirmou ter tido mais ganhos a oeste daquela região, rumo a Kramatorsk, a cidade para onde a Ucrânia transferiu o controle da província após perder o controle sobre a capital para separatistas pró-Rússia na guerra civil em 2014.

Aquele conflito é a base do atual, tendo sido estimulado por Putin após o russo ter anexado a Crimeia como forma de inviabilizar a adesão às estruturas europeias do novo governo pró-Ocidente que havia derrubado um aliado seu em Kiev.

Segundo o ministério, em relato que não tem comprovação independente, uma série de equipamentos ocidentais foi destruída nas ações --incluindo uma preciosa bateria antiaérea americana Patriot, da qual a Ucrânia tem hoje talvez dois ou três regimentos em operação. Se for verdade, é um golpe duro para a já degradada defesa dos céus do país.

A ação ocorreu em seis vilas a oeste de Avdiivka, segundo a Rússia. Se confirmado, o movimento sugere a erosão da linha que ficou estável desde 2014 na região, permitindo talvez a conquista de toda a província, que tem cerca de 45% de sua área ainda sob controle de Kiev.

Seria um prêmio eleitoral para Putin, que busca a certa reeleição no mês que vem. Nesta sexta, o presidente voltou a brandir as capacidades nucleares de seu país durante discurso no Dia do Defensor da Pátria, uma das datas sagradas do calendário cívico-militar instituído pelo líder.

"Nós modernizamos 95% de nossas forças nucleares", afirmou, citando a entrega de quatro modelos modernizados do bombardeiro supersônico estratégico Tupolev Tu-160. Na quinta, ele havia voado em um desses aviões a partir de sua fábrica, em Kazan, em mais uma jogada publicitária visando o público doméstico e o também o Ocidente.


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