SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (17) que a pressão internacional não impedirá Israel de lançar uma ofensiva contra Rafah, cidade no sul da Faixa de Gaza onde mais de 1,5 milhão de palestinos se refugiam da guerra, segundo a ONU.

"Nenhuma pressão internacional nos impedirá de alcançar todos os objetivos da guerra" contra o Hamas, declarou, segundo um comunicado de seu gabinete. "Vamos agir em Rafah. Levará algumas semanas, mas acontecerá", acrescentou, durante uma reunião de seu governo.

A expectativa da invasão tem provocado reações até mesmo em seus aliados mais próximos. Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou em entrevista à emissora MSNBC que a abordagem do premiê israelense em relação à guerra "mais prejudicava do que ajudava" e disse que Rafah representava "uma linha vermelha", um limite intransponível à ação de Tel Aviv.

A situação de Rafah é uma das mais delicadas do conflito. Mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza se espremem nessa cidade na fronteira com o Egito que, antes da guerra, era lar de cerca de 280 mil palestinos. Atualmente, esse é o único grande centro urbano de Gaza em que Tel Aviv ainda não adentrou com tropas, embora seja alvo frequente de bombardeios.

"Há 600 mil crianças em Rafah aterrorizadas com o que vem a seguir", afirmou o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) no último dia 9. "Desde o deslocamento e a ameaça de bombardeios até a fome e a doença, muitos estão sofrendo o inimaginável, e agora estão presos em um espaço superlotado enquanto a morte se aproxima."

O conflito começou no dia 7 de outubro de 2023, quando o Hamas atacou o sul de Israel e matou 1.200 pessoas, a maioria civis. O revide de Tel Aviv, que organizações internacionais consideram desproporcional, inutilizou hospitais em quase todo o território palestino e limitou a chegada de ajuda humanitária, deixando a população à beira da fome.

Para Bibi, como o premiê israelense é chamado, a preocupação com a população civil de Rafah indica que a comunidade internacional se esqueceu dos ataques terroristas do Hamas.

"Aos nossos amigos na comunidade internacional, eu digo: sua memória é tão curta? Vocês esqueceram dos ataques de 7 de outubro tão rapidamente assim, o pior massacre cometido contra judeus desde o Holocausto?", afirmou Netanyahu neste domingo (17), no início da reunião de seu gabinete. "Vocês já estão prontos para negar a Israel o direito de se defender contra os monstros do Hamas?"

Netanyahu também afirmou que retiraria civis de zonas de combate, embora as estratégias de Israel para poupar a população palestina tenham sido ineficazes até agora.

Planos anteriores de retirada de civis anunciados por Israel nas porções norte e central de Gaza incluíam a distribuição de panfletos de aviões afirmando que a população precisava ir para o sul para fugir dos ataques e indicava caminhos supostamente seguros. Mesmo nestas vias assinaladas por Tel Aviv, porém, houve relatos de ataques aéreos que mataram deslocados.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, a guerra já matou até agora 31.645 pessoas e feriu outras 73.676 no território palestino.

O registro subiu pela última vez após bombardeios matarem 61 palestinos na madrugada deste domingo. Entre as vítimas estão 12 membros de uma mesma família, a Thabet, em Deir Al-Balah, no centro do território. Os bombardeios atingiram também a Cidade de Gaza, no norte, e Jan Yunis e Rafah, no sul, segundo testemunhas.


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