SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após uma noite de protestos maciços em diversas partes de Israel contra o governo, o primeiro-ministro do Estado judeu, Binyamin Netanyahu, fez um pronunciamento neste domingo (31) no qual defendeu a continuidade da guerra na Faixa de Gaza, disse estar comprometido com o retorno dos reféns e afirmou que nada vai impedir a invasão de Rafah, último refúgio para mais de 1 milhão de palestinos.

As maiores manifestações do país desde que o Hamas invadiu Israel e matou cerca de 1.200 pessoas, iniciando a guerra, reuniram dezenas de milhares de pessoas em Tel Aviv e pediram o retorno dos sequestrados pelo grupo terrorista durante o atentado.

Para Bibi, como o político é conhecido, quem coloca em xeque os esforços do governo para libertar os réfens "está enganado e está fazendo com que outros se enganem". Aqueles que "conhecem a verdade e ainda repetem esta mentira causam uma agonia desnecessária às famílias dos reféns", afirma ele.

"Como primeiro-ministro de Israel, estou fazendo tudo e farei tudo para trazer nossos entes queridos para casa", diz ele, para quem a melhor forma de resgatar os sequestrados é por meio de uma combinação de pressão militar e negociações. "Seus entes queridos são nossos entes queridos."

Netanyahu aproveitou para se proteger politicamente ao afirmar que a convocação de eleições agora, como pedem alguns manifestantes, estagnaria o país por oito meses. "Isso paralisaria as negociações para a libertação dos nossos reféns e poria fim à guerra antes que seus objetivos fossem alcançados", afirma ele. "O primeiro a celebrar isso seria o Hamas."

Às vésperas de completar seis meses de guerra com o grupo terrorista no devastado território palestino, Israel viu familiares de reféns se juntarem aos manifestantes contra a atual administração neste sábado. Eli Albag, pai de uma sequestrada, disse que não haveria mais protestos no local em frente ao Museu de Arte de Tel Aviv, rebatizado como Praça dos Reféns devido às manifestações que ocorrem semanalmente ali desde outubro.

"Este é o último sábado em que estaremos aqui", disse ele, segundo o jornal Times of Israel. "Não nos encontraremos mais aqui, estaremos nas ruas."

Para o porta-voz do Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas, Haim Rubinstein, os protestos foram um ponto de virada nesses seis meses de manifestações.

"Esta noite é nada menos do que um divisor de águas na luta para devolver os 134 sequestrados e sequestradas que estão morrendo nos túneis do Hamas. As famílias estão fartas", afirmou ele na rede social X. "Tudo explodiu numa noite, quando todos juntos entregaram uma mensagem clara a Netanyahu: Não permitiremos que você impeça um acordo!"

Bibi alega que Israel está mostrando flexibilidade nas negociações. "Estou comprometido a trazer todos os reféns para casa, homens e mulheres, civis e soldados, vivos e aqueles que foram mortos. Não deixaremos ninguém para trás. E, com a ajuda de Deus, vamos conseguir juntos. Vamos vencer", concluiu o primeiro-ministro em seu discurso.

As manifestações continuam neste domingo, quando milhares se reuniram em frente ao Knesset, assembleia sediada em Jerusalém que nesta semana votou pelo recesso anual de 8 de abril a 18 de maio, causando consternação em parte da sociedade israelense.

O protesto questiona principalmente a decisão de isentar estudantes ultraortodoxos --parte da coalizão de Bibi-- do serviço militar, obrigatório para homens e mulheres no país.

"As luzes do gabinete de Netanyahu estão acesas há uma semana (...) para garantir que os ultraortodoxos possam continuar fugindo do recrutamento, apesar da guerra", afirmou o líder da oposição, Yair Lapid, em frente ao prédio do Legislativo, segundo o Times of Israel.

"Se um centésimo, um milésimo, dessa eficiência organizacional tivesse sido dedicada aos reféns, aos deslocados, à gestão da guerra ou à economia, nossa situação seria completamente diferente. Mas só há uma coisa importante para Netanyahu -permanecer no cargo", afirmou.


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