Max Tolentino O artista engenheiro utiliza geometria, inventividade
e sucata para montar suas esculturas

Priscila Magalh?es
Rep?rter
26/02/2008

A vontade de trabalhar com arte surgiu de forma mais intensa nos ?ltimos dois anos, quando Max Tolentino come?ou a freq?entar as aulas de hist?ria da arte na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Ent?o, ele come?ou a criar esculturas. Da?, as oportunidades para expor suas pe?as come?aram a aparecer.

J? foram cerca de 40 obras e, para cri?-las, o artista usa sucata. Todos estes materiais s?o encontrados no lixo ou adquiridos na feira livre. "Meu trabalho tem um conte?do ambiental. Levo ao p?blico materiais que n?o s?o comumente usados em arte".

E o que ele tenta mostrar com seu trabalho? "Nada. Eu me encanto com a percep??o dos outros, com o que eles conseguem enxergar", explica. E ele tamb?m n?o se baseia em algo concreto para criar as pe?as. "As formas s?o produzidas de forma intuitiva. ? raro quando fa?o um estudo pr?vio".

Das 40 pe?as que produziu, Max vendeu oito, sendo seis para Juiz de Fora e duas para outros pa?ses. Ele n?o acha dif?cil se desfazer do que produziu e, mesmo com o prest?gio de exportar, prefere que elas fiquem na cidade. "Eu vendo na boa. As obras t?m que estar nas m?os dos outros. S? pela minha primeira pe?a ? que tenho um carinho especial, pois ela tem uma hist?ria muito longa e sofrida. Foi dif?cil faz?-la".

Foto de Max Tolentino A primeira obra ? batizada "Ins?nia". Ela foi feita a partir de uma pe?a comprada na feira livre de domingo. O nome veio da situa??o com a qual o artista convivia antes de come?ar a trabalhar com arte: a ins?nia. "? uma pe?a conceitual e pouco figurativa", explica ele.

Al?m de voltar a dormir normalmente, a arte proporcionou a Max outros benef?cios, como a oportunidade de ter contatos simp?ticos e de conviver com a juventude na universidade, j? que monta algumas obras l?. Seu trabalho ? feito a partir de pe?as que j? existem e elas s?o moldadas de acordo com a forma tomada pela escultura. S?o arames, ferros de constru??o, pe?as de motor, encosto de cadeira, pedra sab?o, troncos de ?rvore e rolamentos.

Foto de Casal Foto de Bras?lia Foto de Ana Botafogo

? por isso que seu trabalho ? intuitivo. "N?o planejo o que vou fazer. Minha fonte de inspira??o ? o que encontro pelo caminho, o que ainda ? bom para a preserva??o do meio ambiente", ressalta. Para ele, a arte ? vista como um produto emocional e intelectual e n?o como processos racionais.

No trabalho de Max encontramos caracter?sticas das experi?ncias que ele acumulou ao longo da vida. A preocupa??o com o meio ambiente vem de cedo, o que proporcionou a forma??o na ?rea ambiental. Da profiss?o de engenheiro eletromec?nico, vem a geometria, que ele utiliza para tra?ar as obras, e dos 26 anos de trabalho na siderurgia, usa o ferro como a mat?ria-prima principal.

Em JF

Entre as dificuldades enxergadas pelo artista, a maior delas ? vender o que foi produzido. "As pessoas pensam mais em comprar um t?nis que uma obra de arte", comenta. Mas fazer e expor tamb?m s?o atividades consideradas dif?ceis pelo artista. "? dif?cil encontrar materiais para fazer as pe?as, apesar de eu estar tendo ajuda. E, em Juiz de Fora, ? muito dif?cil conseguir locais para exposi??o. O ambiente aqui ? mais fechado".

Foto de Pelourinho Foto de Ins?nia Foto de Mulher na Janela

Para ele, falta favorecer o ambiente cultural, na cidade, ter mais espa?o, pois praticamente todas as galerias fecharam as portas. "Juiz de Fora n?o vivencia cultura, nem os estudantes da Universidade prestigiam. ? uma cidade de grandes artistas, mas eles se re?nem pouco", conta. Para tentar driblar esta dificuldade, Max recorre ? internet, onde exp?e todas as suas pe?as. Sua p?gina recebeu cerca de 2.600 visitas s? neste m?s de fevereiro. "A maioria delas ? de estrangeiros", completa.