BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste sábado (13) que a prática de "rachadinha" é "bem comum", que poucos escapam dela, e não quis responder se ela já foi adotada em seu gabinete.

Seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), foi acusado dessa prática de corrupção quando foi deputado estadual, mas teve seu caso arquivado pela Justiça do Rio de Janeiro em maio.

A "rachadinha" envolve o repasse de parte dos salários de servidores a políticos e assessores dos gabinetes.

As declarações de Bolsonaro foram dadas ao podcast Cara a Tapa, no YouTube. O chefe do Executivo participou por cerca de três horas do programa, que alcançou mais de 400 mil espectadores ao vivo.

"É uma prática bem comum, concordo contigo [com o apresentador]. Não é só no Legislativo não", afirmou Bolsonaro, ao ser questionado sobre "rachadinha".

O apresentador, Rica Perrone, questionou sobre a existência desse tipo de crime no mundo político.

"Tenho informação que sim. Uns fazem legalmente, entre aspas, no estatuto, outros fazem por fora", disse.

O chefe do Executivo disse que partidos de esquerda menores têm no estatuto o recolhimento de parte do salário para fazer caixa para o partido. Legendas com poucos deputados têm fundo partidário menores.

Perrone então brincou que "Se gritar pega 'rachadinha'", e Bolsonaro completou: "vai sobrar pouca gente".

Então, o apresentador questionou o chefe do Executivo se ele iria sobrar, mas o mandatário evitou responder. "Não vou falar de mim. Sou suspeito pra falar de mim. Não tem servidor meu falando, denunciando...", disse.

Flávio Bolsonaro foi acusado pelo Ministério Público do Rio de praticar o crime quando era deputado estadual.

Em maio, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu arquivar a denúncia por anulação das provas que embasaram a acusação.

O pivô do escândalo envolvendo o senador é o ex-assessor Fabrício Queiroz, hoje candidato a deputado estadual pelo PTB-RJ no Rio de Janeiro.

A entrevista de Bolsonaro nesta manhã é a segunda concedida a um podcast nesta semana. O chefe do Executivo está intensificando a participação em podcasts por orientação da sua campanha de reeleição.

A ideia é aproximá-lo do eleitorado jovem, um dos que mais rejeita o mandatário, segundo pesquisas de intenção de voto.

Nesta semana, mais notadamente, ele teve uma conversa de mais de cinco horas no Flow. O saldo do programa foi muito comemorado pela campanha.

No programa, Bolsonaro disse não ter interesse em nenhuma forma de anistia ou imunidade após o final de seu mandato.

Ele também admitiu "imoralidade" quando era deputado federal, ao receber auxílio-moradia da Câmara apesar de ter apartamento funcional.

A avaliação de aliados é a de que o formato de podcast garante mais liberdade para o presidente falar, além de humanizar o mandatário, sem a contrapartida de perguntas jornalísticas.


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