BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A nova executiva nacional do Pros (Partido Republicano da Ordem Social) se reuniu nesta segunda-feira (15) e decidiu, por unanimidade, retirar a candidatura presidencial do coach motivacional Pablo Marçal e apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Caso isso se confirme, o petista chegará a dez partidos em seu entorno, igualando o recorde histórico de Dilma Rousseff em 2010. Conseguirá, também, aumentar em alguns segundos seu tempo de propaganda no rádio e na TV, que já é o maior.
O Pros passa por uma disputa interna de poder que já envolveu várias decisões judiciais que ora colocam uma ala no comando, ora outra.
Na última, o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Ricardo Lewandowski concedeu no dia 5 liminar devolvendo o comando do partido ao seu fundador, Eurípedes Jr. A decisão foi referendada pelo plenário do TSE, por 4 votos a 3.
Até então, o presidente era Marcus Holanda, que havia bancado a candidatura presidencial de Marçal.
O coach tem afirmado que pretende questionar judicialmente a tentativa de retirá-lo do páreo. Ele não se manifestou sobre a decisão desta segunda até a publicação desta reportagem.
Caso não haja reviravolta no comando do partido por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), a Justiça Eleitoral deve ratificar a retirada da candidatura de Marçal e o apoio da sigla a Lula.
A campanha começa oficialmente nesta terça-feira (16).
Sem Marçal, serão 11 os candidatos à Presidência, sendo que ao menos um deles também corre o risco de não ter o seu pedido aprovado pela Justiça -Roberto Jefferson (PTB), condenado no escândalo do mensalão.
O racha interno do Pros envolve inclusive negociações para tentativa de compra de sentença judicial, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo.
As duas alas afirmam ter realizado reuniões partidárias legítimas em que uma acabou destituindo a outra. As ações judiciais movidas na primeira instância deram decisões favoráveis a Eurípedes Jr., o fundador da legenda.
Já o Tribunal de Justiça do Distrito Federal, órgão de segunda instância, deu ganho de causa à ala contrária, colocando o comando do partido nas mãos de Marcus Holanda desde março deste ano.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, áudios, trocas de mensagens e depoimento registrado em cartório exibem uma negociação para compra de decisão judicial favorável em primeira e segunda instâncias pelo grupo liderado por Holanda.
Houve um encontro e vários contatos entre Holanda e uma irmã do desembargador Diaulas Costa Ribeiro, relator do caso no TJ-DF. A familiar do magistrado indicou a advogada que atuaria no caso.
O desembargador diz que jamais recebeu qualquer proposta criminosa, e que não tem relação com a irmã há duas décadas. No material obtido pela Folha de S.Paulo, não há diálogo em que ele figure como interlocutor. Todos os outros envolvidos nas conversas negam tentativa de compra de sentença.
Pablo Marçal tem 1% das intenções de voto, de acordo com a última pesquisa do Datafolha, e integra o pelotão de candidatos descolados dos três concorrentes mais bem posicionados, Lula (PT), com 47%, Jair Bolsonaro (PL), com 29%, e Ciro Gomes (PDT), com 6%.
O coach, que tem 2,3 milhões de seguidores no Instagram, havia declarado inicialmente um patrimônio de R$ 16,9 milhões, mas afirmou à Folha que esse dado estava errado e que só uma de suas cerca de 20 empresas tem capital social de R$ 100 milhões.
Ele retificou sua declaração no TSE dias depois, afirmando ter bens que somam, no total, R$ 97 milhões.
Em janeiro de 2022, Marçal foi destaque no noticiário por ter liderado uma expedição de 32 pessoas por uma área montanhosa em São Paulo como parte de seu programa de coaching motivacional. O grupo precisou ser resgatado pelos bombeiros, devido às más condições climáticas.
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